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Grupos de WhatsApp

Prós e contras da tecnologia na vida em condomínio

sexta-feira, 24 de março de 2023
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Das tretas ao brechó: as dores e as delícias do WhatsApp de condomínio

Ao mesmo tempo que se tornou um instrumento de integração e descontração, ferramenta abriu mais uma possibilidade para conflitos

Síndico em nada menos do que 18 condomínios de Porto Alegre, Edmundo Soares tem um procedimento padrão quando uma discussão está prestes a descambar em algum dos incontáveis grupos de WhatsApp de que participa. E a reação dele tem tudo a ver com o meio em que está: antes de falar qualquer coisa, primeiramente manda uma imagem, um meme.

"É um desenho que eu gosto muito. Há um número desenhado no chão e duas pessoas discutindo: a de um lado diz que é um seis, a do outro lado diz que é um nove. As duas estão certas, mas cada uma do seu ponto de vista", explica.

Depois do desenho, vem o discurso em tom conciliador. Soares pede aos exaltados do grupo que respeitem a opinião um do outro, propõe que a discussão pare por ali, pois a solução do problema já ficou para trás durante a briga e, portanto, ele terá de ser resolvido em outra oportunidade. Preferencialmente em ambiente menos belicoso.

"O WhatsApp é uma ferramenta maravilhosa. O problema é que não se criou uma etiqueta para o uso dele", diz.

Tanto a opinião quanto a ressalva de Soares, da administradora condominial Adacon, são unanimidade entre os síndicos de Porto Alegre consultados por GaúchaZH. Por um lado, o aplicativo que possibilitou aos moradores de um imóvel terem acesso direto a toda vizinhança pela tela do celular se tornou um instrumento "sensacional" de integração entre moradores.

Já aos síndicos, propiciou uma forma rápida de dar satisfações e resolver problemas à distância — é o que possibilitou que eles trabalhem em uma série de imóveis ao mesmo tempo como profissionais terceirizados.

No Miraflores Quality Life, condomínio de 204 unidades na zona sul de Porto Alegre, o fluxo de compras e vendas pelo WhatsApp era tanto que saltou para fora da tela. O condomínio organizou uma feirinha, aos finais de tarde das quartas-feiras, para facilitar a entrega dos produtos encomendados ao longo da semana entre os moradores, como salgados, pães, cucas, roupas etc. Há uma série de outros grupos para outros fins:

"Meu predileto é o grupo do desapego. Ali o pessoal vende de tudo usado: roupas que não servem mais, eletrodomésticos, até oferta de carro eu já vi. Eu, por exemplo, comprei uma geladeira de uma vizinha. Também funciona ao contrário: uma pessoa diz que está precisando de um abajur e alguém no grupo talvez tenha um sobrando para vender ou veja como oportunidade de fazer um dinheiro", explica Meri Rejane Rodrigues, ex-síndica e hoje conselheira do Miraflores.

Além do comércio informal, o Miraflores tem grupos que, com uma e outra particularidade, se repetem nas verdadeiras cidadelas que se tornaram os condomínios familiares das metrópoles brasileiras (ver abaixo). Há um exclusivo para coordenar o uso de vagas de garagem. Um vizinho avisa que receberá visita no final de semana e pede ajuda. Outro responde que estará viajando e coloca o box à disposição. Pronto, é só mandar mensagem ao porteiro avisando e está resolvido. 

Há também o dos frequentadores da piscina, que coordenam miudezas como pedidos de cadeiras extras, empréstimo de carregador de celular ou comunicam a necessidade de mais água quente para o mate. Mas nem no Miraflores tudo são flores.

"O difícil são as pessoas, não o WhatsApp em si. Como tem gente que acha que o síndico é uma mãe com a obrigação de resolver os problemas dos outros, tem quem se passe. E como a comunicação é por mensagem, é mais fácil querer tudo resolvido imediatamente e destratar alguém, ser mal-educado", relata Meri.

Nesse quesito, conforme a presidente da Associação de Síndicos do Rio Grande do Sul, Mauren Gonçalves, o termo "moderador" do grupo de WhatsApp nunca fez tanto sentido para os síndicos.

"Em geral, fico quieta, mas estou sempre vigilante. Quando percebo que o número de mensagens em um grupo explode e vejo que há duas ou mais pessoas se xingando, nem mando mensagem. Ligo para eles na hora", conta Mauren, que administra 10 condomínios, mas não o próprio "para não misturar o profissional com o pessoal".

A postura de Mauren, de ligar para os condôminos mais exaltados, seria aprovada pelo diretor-geral da administradora condominial Aliança. Conforme Jaime Machado, uma coisa de que os condôminos raramente se dão conta na hora de uma briga de WhatsApp é que estão produzindo provas contra si mesmos.

"É cada vez mais comum reproduções das discussões pelo celular serem anexadas em um processo por ameaça, por exemplo. Por isso, os síndicos são orientados a agir com muito tato e cuidado nessas horas, sempre acalmando e recorrendo às regras de cada condomínio para emitir juízo", declara Machado.

Conforme os síndicos, há alguns temas especialmente sensíveis. Relatos de crimes no bairro ou no prédio — a maior parte deles, boatos repassados — são frequentes. E segundo João Donato Moreira, administrador de um imóvel de 560 apartamentos na Cavalhada, todo incidente que envolva crianças é especialmente inflamável.

"As pessoas até aguentam desaforos e reclamações sobre elas mesmas, mas se mexer com o filho, Deus o livre. Elas se ofendem imediatamente. E o WhatsApp tem um problema a mais: ele é usado por pessoas de diferentes níveis de instrução, então se falta uma vírgula, se uma palavra é mal escolhida, já está feito o furdunço. A forma como uma pessoa escreve não necessariamente é a forma como a outra pessoa vai ler", avalia Moreira.

Outro problema bastante comum é a falta de bom senso no que enviar. O que os síndicos tentam contornar com bom-humor e algum jogo de cintura.

"Entendo a euforia de receber uma imagem e enviar para todo mundo. Só que não é legal o grupo do condomínio apitar, o cara achar que é algo importante e ver uma piada com a estátua do Renato (Portaluppi, recém-inaugurada). Também não é legal quem, talvez por ter muito tempo livre ou ser meio carente, fica estendendo os assuntos ou enviando foto de tudo que acha errado no condomínio. Isso acaba fazendo outros condôminos brigarem ou evitarem os grupos", conta Soares.

Outra estratégia do síndico é salientar aos brigões que as desavenças virtuais se dão entre pessoas de carne o osso e que, queiram ou não queiram, elas precisarão conviver muito próximas por bastante tempo. Melhor, portanto, manter a cordialidade.

"Por exemplo, quando eu vejo duas pessoas que moram lado a lado brigando por causa de barulho, eu chamo pessoalmente e digo: 'Pessoal, porque vocês não deixam para brigar quando estiverem mais velhos? Vão estar mais surdos e vai estar mais perto do fim do financiamento'", brinca.

Os grupos mais populares

Grupo de mães

Nascem como grupos para trocar figurinhas sobre questões maternais que vão de material escolar até sintomas de doenças das crianças. Mas não é raro o grupo das mães, pelo alto engajamento, terminar organizando eventos ou mediando melhorias nas condições do mobiliário, como quadras e parquinhos.

Grupo de boleiros

Usado para fechar times e acertar horários para as quadras. Os mais populares costumam ser os de futebol, mas há grupos de diferentes esportes dentro e fora do condomínio, como o pessoal que organiza campeonatos chaveados de tênis ou combina saídas noturnas de bicicleta.

Grupo do pay-per-view

A lei impede exibições públicas de transmissões de jogos em espaços como salões de festa, mas nada impede os fãs de futebol de acertarem um apartamento para ver os jogos juntos — e definir quanta cerveja levar. Há grupos específicos para determinados campeonatos, como o da Liga dos Campeões, cujos jogos costumam ser à tarde em meio de semana.

Grupo de compra e venda

Por se tratarem, por vezes, de centenas de condôminos, grupos de compra e venda de usados são especialmente populares. Bem como a venda de produtos ou serviços que alguns condôminos fazem "para fora", como salgadinhos ou consertos domésticos.

Grupo da segurança

Um dos mais inusitados. É um grupo dos condôminos com parentes, amigos ou mesmo de membros de instituições de segurança pública. Serve para averiguar suspeitas ou denunciar ocorrências nos arredores dos imóveis às autoridades.

Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br

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