22/08/25 12:53 - Atualizado há 4 dias
(*) Rodrigo Della Rocca e Luciano Bernardi
Você já parou para pensar que o aumento da sua taxa de condomínio pode ter ligação com um imposto que você nem sabia que existia no seu dia a dia? Pois é. Em 2025, o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) mudou, e isso já começa a aparecer no boleto de milhares de condomínios pelo Brasil.
Parece distante, mas não é. O IOF é como aquela corrente invisível que começa no governo, passa pelos prestadores de serviço e, de repente, chega no seu condomínio. O resultado? Mais pressão no caixa, menos margem para melhorias e, muitas vezes, aumento na cota condominial mensal.
De forma simples: o IOF é um imposto cobrado em empréstimos e financiamentos. Quando uma empresa, seja de limpeza, segurança ou manutenção, precisa pegar dinheiro emprestado para pagar funcionários ou comprar equipamentos, ela paga esse imposto.
Em 2025, a alíquota praticamente dobrou: o teto passou de 1,88% para 3,95% ao ano. Isso significa que o custo do crédito ficou muito mais caro. E, como essas empresas não conseguem “engolir” o aumento sozinhas, acabam repassando para quem as contrata, no caso, os condomínios.
O IOF encarece o crédito para quem presta serviços. E, no final da cadeia, esse aumento vai para o morador. É inevitável se nada for feito para equilibrar a conta.
Funciona assim:
Pode parecer um aumento pequeno, mas o impacto é real. Segundo estimativas do setor, o efeito indireto do IOF pode representar até 1,4% de acréscimo na taxa mensal.
Em um condomínio com cota de R$ 600 por unidade, isso representa R$ 84 a mais por apartamento ao ano. Multiplique isso por todas as unidades e você entende por que síndicos e administradoras estão preocupados.
“Um aumento que parece pequeno, quando somado ao longo do ano e a todos os serviços, pode travar melhorias, atrasar manutenção e até forçar cortes”, alerta Luciano Bernardi.
No Brasil, 1 em cada 8 endereços fica dentro de condomínio (IBGE/2022), onde vivem cerca de 30 milhões de pessoas, movimentando bilhões de reais por ano. Somente na cidade de São Paulo, essa cifra é de R$ 25 bilhões (Data Lello/2025).
É um setor gigante, mas que já opera sob pressão: a inadimplência média da taxa condominial chegou a 6,80% em março de 2025, segundo dados da Superlógica. Além disso, estima-se que de 50% a 60% das despesas ordinárias vão para folha de pagamento.
Isso significa que qualquer aumento inesperado, como o causado pelo IOF, pressiona ainda mais o caixa e pode comprometer serviços essenciais ou investimentos de longo prazo.
Nesse cenário, o papel do síndico e da administradora se torna ainda mais estratégico. Eles precisam:
O IOF é algo que não controlamos. Mas a forma como nos preparamos para ele, sim. A diferença entre sentir ou não sentir o impacto está na gestão.
Não dá para impedir o aumento do IOF, mas dá para reduzir seus efeitos. Algumas ações práticas:
1. Renegociar contratos antecipadamente
Negociar antes da renovação oficial de contratos pode garantir preços melhores e evitar reajustes abruptos.
2. Apostar em eficiência energética
Adotar cogeração de energia, trocar lâmpadas por LED, instalar sensores de presença e otimizar horários de uso de equipamentos reduzem a conta de luz e liberam recursos para outras áreas.
3. Implementar manutenção preventiva
Revisões regulares em elevadores, bombas e sistemas elétricos evitam que pequenos problemas virem grandes gastos emergenciais.
4. Usar tecnologia para gestão
Softwares de gestão financeira e comunicação reduzem tempo gasto em tarefas administrativas e ajudam a manter a transparência com os moradores.
5. Avaliar soluções financeiras específicas para condomínios
Aqui entra o papel de bancos especializados, como o CondoConta, que oferecem recursos pensados para a realidade condominial.
O Receita Garantida, por exemplo, é um serviço que garante que o condomínio receba todo mês o valor integral das cotas condominiais, mesmo que haja inadimplência. Isso elimina a necessidade de recorrer a empréstimos, que agora custam mais caro por causa do IOF.
“Quando o fluxo de caixa é previsível, sobra fôlego para negociar e investir. É menos dependência de crédito e mais autonomia para o condomínio”, explica Luciano.
Essa previsibilidade dá tranquilidade ao síndico, facilita o planejamento e evita que decisões importantes fiquem travadas por falta de recursos.
Pode parecer estranho, mas aumentos como o do IOF podem acelerar a profissionalização da gestão condominial. Com mais pressão sobre o caixa, síndicos e administradoras buscam soluções criativas e eficientes para manter a saúde financeira e a qualidade de vida.
Acredito que momentos como este aceleram a profissionalização da gestão condominial. Quem investir em eficiência e inovação agora vai estar muito à frente nos próximos anos.
O IOF é um imposto que, à primeira vista, não parece ter nada a ver com a vida em condomínio. Mas tem. Ele está escondido no custo de serviços, no preço de contratos e, inevitavelmente, no seu boleto.
A boa notícia é que existem ferramentas e estratégias para mitigar esse impacto. O segredo está em agir antes que o aumento pese demais: negociar, modernizar, buscar eficiência e aproveitar soluções financeiras que tragam previsibilidade.
No condomínio, informação e planejamento são as melhores defesas contra qualquer “imposto invisível” que tente entrar pela porta dos fundos do orçamento.
Fonte: (*) Rodrigo Della Rocca é CEO e cofundador do CondoConta, o primeiro banco exclusivo para condomínios no Brasil. Desde 2019, lidera a fintech com sede em Florianópolis, que já atende mais de 11 mil condomínios em todo o país. Reconhecido pela Forbes Under 30 na categoria Tecnologia e Inovação, Rodrigo tem como propósito transformar a gestão condominial por meio da tecnologia, promovendo mais eficiência e integração para todos os envolvidos na administração de condomínios. Sob sua liderança, a empresa vem se consolidando como o coração financeiro do mundo condominial. (*) Luciano Bernardi é CFO e Chairman do CondoConta, liderando as áreas de Finanças, Controladoria, Relações com Investidores, Pessoas, Crédito e Risco, Operações Bancárias e Cobrança. Com sólida experiência em gestão financeira, planejamento estratégico e controle de riscos, antes de assumir a posição no CondoConta, atuou como consultor em Funding, Risco e Crédito, contribuindo para projetos de crescimento e eficiência operacional no setor financeiro.