Rafael Lauand

Os condomínios do futuro

A tecnologia e a forma com que as pessoas lidam com o tempo transformaram (e ainda transformarão) a vida em comunidade

Por Thais Matuzaki

22/07/19 03:47 - Atualizado há 4 anos


Por Rafael Lauand* 

Você sabia que existem, por semana, mais de 1,3 milhões de pessoas se mudando para as cidades em todo o mundo, e em aproximadamente 2040, 65% da população mundial (aproximadamente 7,2 bilhões de pessoas) viverá em cidades – e, em sua maioria, dentro de condomínios?

Acredito que o planejamento urbano atual de muitas cidades, incluindo a grande maioria das metrópoles brasileiras, não será o suficiente para comportar todo o crescimento esperado. Quem mora em São Paulo, por exemplo, já enfrenta diversos problemas urbanos como do transporte, moradia, etc.

Muitos engenheiros e tecnólogos já vem ligando a solução a tecnologia e não seria a primeira vez que você deve ter ouvido falar no termo Smart City ou “Cidade Inteligente”. Mas, o que isso quer dizer? A smart city é simplesmente aquela que usa tecnologia para melhorar seus resultados em todos os aspectos operacionais e aprimorar os serviços oferecidos aos seus residentes.

Para iniciar esse artigo, tomei a liberdade para definir um Condomínio Inteligente de uma forma próxima a Smart City: Condomínio inteligente é aquele que usa a tecnologia para melhorar os resultados do dia a dia, em todos os aspectos, da gestão a operação, além de aprimorar os serviços oferecidos aos seus residentes, com foco na melhor experiência de morar.

Com esse rápido contexto, resolvi escrever uma parte da minha visão do condomínio do futuro, e confesso que uma das razões de fundar a LAR.app foi para acompanhar tudo que está por vir.

Como será o futuro do seu condomínio?

Aparelhos de alta tecnologia podem vir à mente, robôs desempenhando todo tipo de atividade (da retirada do lixo a manutenções), reuniões de condomínio com imagens holográficas, ou carros voadores que se dobram em malas e tornarão os estacionamentos obsoletos. As tendências atuais são um aperitivo do que está por vir, porém o futuro do nosso condomínio vai girar em torno de algo mais específico: o tempo

Nos últimos anos, vemos cada vez mais pessoas trocarem as casas mais afastadas do centro urbano por condomínios com uma localização que facilita as idas e vindas do dia a dia. O que tudo indica é que as nossas prioridades mudaram e estamos cada vez mais em busca da melhor experiência, não só de morar, mas da nossa rotina como um todo. O tempo é o novo luxo. 

Vemos isso com a evolução na demanda pela economia de certos serviços (muitas vezes compartilhados). Serviços como o Uber, Rappi ou Viva Real economizam tempo e aborrecimento para que possamos nos concentrar nas coisas que nos preocupam. Isto significa que nossos condomínios precisam (e vão) evoluir também. Nos condomínios e casas do futuro, a conectividade com a Internet será uma utilidade para todos, não um serviço extra para alguns, e a inteligência será construída desde a parede, e não apenas conectada a uma tomada.

Enquanto os dispositivos domésticos inteligentes capturam grande parte da atenção, acredito que o nosso futuro será melhorado nos condomínios (e casas) inteligentes. O condomínio inteligente atenderá melhor a nossa necessidade de flexibilidade, agilidade, comodidade e proporcionará uma sensação de comunidade muito diferente da que vivemos hoje.

O que são os Condomínios Inteligentes?

Os condomínios inteligentes são mais do que iluminação inteligente, controle de temperatura, assistentes de voz ou aplicativos que se resumem ao seu lar. Os condomínios verdadeiramente inteligentes serão conectados de casa (ou apartamento) para o condomínio e de fora para dentro também. Além disso, serão definidos por três principais características: dispositivo inteligente & amenidades, conectividade e gerenciamento da Comunidade.

Edifícios mais eficientes

As tecnologias de condomínios inteligentes tornarão os edifícios mais eficientes em duas frentes: gestão de energia e gestão de pessoas. Segundo a consultoria ACEEE, a tecnologia no setor imobiliário poderá economizar mais de 200 bilhões de reais em processos pouco eficientes. Os aparelhos smarts são mais eficientes em termos energéticos em comparação com aparelhos analógicos, e juntos criarão ainda mais eficiência através de toda a comunidade do condomínio. 

As pessoas também se tornam mais conscientes e, portanto, mais eficientes e eficazes. Com fechaduras inteligentes, processamento de manutenção e sensores inteligentes, gerentes prediais, zeladores, porteiros, etc, gastarão menos tempo com atividades de rotina. Os dispositivos e processos inteligentes tornam os extensos cronogramas de manutenção mais rápidos, transparentes e seguros, proporcionando uma melhor supervisão da gestão do condomínio.

Habitação mais acessível

Graças ao aumento da eficiência de construção, condomínios inteligentes poderiam realmente estimular mais desenvolvimento de habitação acessível. De acordo com o órgão de habitação dos EUA, 72% dos moradores com deficiência são severamente prejudicados e gastam mais da metade de sua renda em moradia. Condomínios inteligentes reduzem o custo de construir e manter edifícios, tornando o mercado imobiliário acessível mais atraente e lucrativo.

Como reinventar seu condomínio?

Para os moradores interessados em evoluir seus condomínios para os condomínios inteligentes (ou construí-los já do início), existem alguns princípios importantes para se ter em mente:

O futuro dos Condomínios Inteligentes está aqui

Os condomínios inteligentes não são apenas o futuro, eles já estão aqui, agora mesmo. Já podemos observar esse tipo de serviço/tecnologia em alguns países e até mesmo cidades inteligentes que estão sendo construídas com os mesmos princípios do condomínio inteligente.

(*) Rafael Lauand (@rafalauand) é Engenheiro de Produção formado pela UFPR; especialista em controladoria e finanças pela UFPR; especialista em 'Data Science' pela John Hopkins University; sócio-fundador da LAR.app Administradora de Condomínios; professor do INSPER no curso de Direito das Startups; e conselheiro de empresas de tecnologia. Rafael foi um dos pioneiros no mercado de startups da geração 'mobile', com atuação desde logística à saúde, e também teve experiência como sócio de algumas startups de tecnologia brasileiras.