Manutenção

Prédio interditado

PE: Edifício desaba após evacuação por riscos estruturais

Por Agência de notícias

terça-feira, 6 de maio de 2025


[Atualização] Desabamento em Jaboatão: "Condomínio não tem condições de arcar com demolição", diz administradora

Moradores pagavam taxa de condomínio referente a R$ 335

A administradora do Edifício Kátia Melo, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, Silvia Maria, afirmou, durante entrevista à Folha de Pernambuco, que o condomínio do prédio não tem condições financeiras de arcar com a demolição de parte da estrutura que ficou de pé, após o desabamento parcial do local.

Desde 2017 que ela está responsável administrativamente pelas tratativas do Kátia Melo e afirmou que vai entregar um relatório à Defesa Civil de Jaboatão, assinada por um engenheiro que teria dito que não há possibilidade de reaproveitamento do que restou.

“A gente vai fazer o levantamento de empresas, mas o condomínio não tem condições de arcar com a demolição. Então, a gente vai pedir a acessibilidade da prefeitura para ver o que podemos fazer pelo Kátia Melo”, frisou ela.

O condomínio, ainda segundo o que explica Silvia, não tinha condições financeiras para pagar serviços de limpeza ou vigilância. Cada família pagava R$ 335 de taxa condominial para benfeitorias, calculada de acordo com o poder aquisitivo dos proprietários.

Ela se limitou apenas a dizer que o condomínio ainda possui dinheiro em caixa e reconhece que os moradores estão em estado de choque, depois de tudo que aconteceu.

“O relatório conterá informações técnicas do imóvel, que é um prédio-caixão construído há 45 anos e que não há possibilidade de recuperação. Nem engenheiro e nem Defesa Civil sabem o que, de fato aconteceu. É uma coisa que ainda vamos investigar”, continua.

Serviço no edifício

Há dois meses, de acordo com Silvia, foi realizada a lavagem da fachada do prédio. Estava com mofo. Os trabalhadores que fizeram o serviço aplicaram impermeabilizante nas paredes.

“Passaram impermeabilizante para proteger do inverno. Mas lá eu não tinha uma reclamação de infiltração. Eu garanto ainda que onde tinha caixa de esgoto e cisterna não tinha uma rachadura sequer. Por isso que a gente ficou de ‘boca aberta’”, finalizou.

O que são os prédios-caixão?

O Kátia Melo era um prédio-caixão. Além do térreo, possuía três andares. Eram 16 apartamentos.

O que diferencia um prédio-caixão de outro tipo de edificação é, basicamente, o fato de usar alvenaria resistente na função estrutural do prédio, ou seja: no lugar de vigas e pilares, são as próprias paredes da edificação que sustentam a estrutura.

Esse tipo de imóvel se popularizou nos anos 1970, especialmente entre as classes de menor poder aquisitivo – devido ao baixo custo, sendo uma “solução” para um profundo déficit habitacional à época.

Há 20 anos, está proibida em Pernambuco essa técnica de construção. Isso porque foi constatado que o modelo não apresentava condições de durabilidade e resistência ao longo do tempo.

Problema crônico

O histórico mostra que, de 1977 até 2023, houve um total de 18 desabamentos de prédios-caixão, resultando em 54 mortes.

Só em 2023, foram registrados dois desabamentos com mortos: o Edifício Leme, em Olinda, que ruiu após interdição, chegando a vitimar fatalmente seis pessoas; e o bloco D-7 do Conjunto Beira Mar, em Paulista, que desabou parcialmente, provocando a morte de 14 pessoas.

Fonte: Folha de Pernambuco

[07/05/2025] Ao menos quatro apartamentos de prédio que desabou no Grande Recife passaram por reformas estruturais sem laudo de engenharia, diz Crea

Parte do edifício Kátia Melo ruiu no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. Crea constatou que residências reformadas tiveram remoção de paredes.

Ao menos quatro apartamentos do edifício Kátia Melo, que desabou em Jaboatão dos Guararapes na terça-feira (6), haviam passado por reformas com mudança do layout interno sem o acompanhamento de um engenheiro, segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE).

Em entrevista ao g1, a gerente de fiscalização da entidade, Denise Maia, explicou que o órgão realizou uma vistoria no prédio ainda na manhã da terça (6), poucas horas antes de parte do prédio ruir. Em conversa com a síndica do edifício, Denise Maia foi informada que alguns dos apartamentos sofreram modificações significativas, como a remoção de paredes.

Como o prédio em questão era do tipo “caixão” - erguido sem vigas e pilares, subindo parede sobre parede, com "alvenaria resistente” - a gerente acredita que as reformas possam ter causado prejuízo à estrutura da construção.

“A gente soube que teve obras quando a gente estava lá, falando com a síndica do prédio. A Defesa Civil verificou que algumas paredes tinham sido retiradas de alguns apartamentos. Como é um prédio de alvenaria resistente, acabou desse jeito. [...] Pelo menos quatro apartamentos tiveram alteração de layout”, informou.

Segundo Denise Maia, não é proibido que proprietários realizem modificações dentro de seus apartamentos, mas é imprescindível que qualquer modificação estrutural seja acompanhada por um engenheiro, especialmente no caso de prédios “caixão”, em que as paredes sustentam o peso da construção.

“Houve demolição de parede e a gente sabe que tem redistribuição de carga, porque é a alvenaria que resiste. A nossa função, naquele momento, foi verificar se isso foi acompanhado por um engenheiro, e não foi. Pelo menos no que a gente solicitou à administração do prédio, a síndica não apresentou nenhuma documentação e, no nosso sistema, também não consta”, disse.

De acordo com a gerente de fiscalização do Crea, quando um engenheiro é contratado para elaborar um projeto de reforma, ele emite uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Segundo Denise, o documento funciona como um contrato e detalha, inclusive o orçamento da obra.

A ART é registrada junto ao Crea e pode ser conferida e fiscalizada pelo órgão. Desta forma, toda a responsabilidade em relação a qualquer modificação fica a cargo do engenheiro.

Fonte: g1

[06/05/2025] Prédio em Piedade, Jaboatão, desaba menos de 48 horas após ser interditado

Com estrutura do imóvel comprometida, moradores haviam deixado os seus apartamentos no último domingo (4)

Parte do prédio Kátia Melo, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, desabou na manhã desta terça-feira (6). O imóvel estava interditado após a vistoria técnica detectar comprometimento da estrutura e os moradores precisaram deixar seus apartamentos na noite do último domingo (4). Não houve vítimas.

O prédio, que fica localizado na Rua Joaquim Marquês de Jesus, foi interditado desde às 20h do último domingo (4), após uma vistoria técnica feita pela equipe da Defesa Civil da Prefeitura de Jaboatão. Na ocasião o imóvel apresentava vários sinais de deterioração, como fissuras, abatimento de piso e indícios de movimentação na estrutura.

Momentos depois do desabamento, os bombeiros deram início a uma varredura nos escombros para encontrar possíveis vítimas. 

O comandante do Grupamento de Bombeiros de Salvamento (GBS), Tenente-coronel Ramos, informou que seria preciso "descartar a possibilidade de haver pessoas no local".

"No momento não existem vítimas, mas precisamos descartar essa possibilidade", declarou. 

Ainda segundo o bombeiro, a energia foi desligada. "Teremos o apoio necessário pra que a gente possa justamente descartar essa possibilidade de vítima", acrescentou. 

O oficial disse, ainda, que a ação será realizada com "todo o cuidado". "É um devagar. Vai ser utilizada uma região limítrofe, uma linha pra que possa ser, com todo o cuidado, pra que nenhum dos nossos agentes, nossos militares, sejam acometidos por qualquer tipo de acidente aqui nesse local". 

Cães

Na varredura, os bombeiros usaram cães. Dois entraram nos escombros e um ficou  descansando, na reserva. "Eles são treinados para salvamento. Não são cães de ataque. São cães que são treinados para busca, resgate e salvamento. É uma outra característica”. 

Os bombeiros exigiram silêncio "total" durante as buscas. "Se tiver alguém, uma possível vítima que não se sabe, ela vai falar, ela vai gemer e vai responder. Perceba que tem que ter todo o silêncio aqui. E a gente pede aqui também, a equipe, a população toda, que faça o silêncio pra quem possa escutar", disse o oficial.

O tenente-coronel afirmou que parte dos escombros vai ser retirada ainda nesta terça. "Porém, é um trabalho estilo como se fosse formiga, devagar, com todo o cuidado, não só para a possível vítima que está só para descartar, mas também em relação à equipe que está trabalhando no local".

Ele não deu prazo para o encerramento das atividades. "Não estamos preocupados com o tempo aqui, nós trabalhamos 24 horas e aí é importante a gente fazer o serviço a contento. Existe possibilidade de novos desabamentos. Depois, vamos observar a possibilidade de entrar mais", acrescentou.

Nota do prefeito

O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros (PL), divulgou nota em que presta solidariedade às famílias afetadas pelo desabamento.

A desocupação imediata, determinada pela equipe, foi essencial para evitar uma tragédia. Até o momento não há registro de vítimas fatais”, afirmou Mano Medeiros, em comunicado divulgado no seu perfil do Instagram.

Segundo a nota, o prefeito participava da inauguração de uma unidade de saúde, em Barra de Jangada, quando recebeu a notícia de que parte do imóvel viera abaixo. “Desde os primeiros momentos, as equipes da Prefeitura estão no local, prestando apoio, garantindo a segurança da área e atuando na remoção dos escombros”, disse.

Nos solidarizamos com todas as famílias que perderam seus lares e pertences, e a Prefeitura prestará toda a assistência necessária”, declarou. O prefeito, no entanto, detalhou os auxílios oferecidos aos desabrigados.

A Prefeitura de Jaboatão orientou ainda que os moradores de prédios vizinhos deixem seus imóveis temporariamente.


Prédio em Piedade é interditado e moradores deixam local às pressas

O edifício Kátia Melo foi esvaziado na noite de domingo (4) após a Defesa Civil constatar riscos estruturais

O cenário da noite do último domingo (4) na Rua Joaquim Marquês de Jesus foi marcado pela presença de caminhões de mudança após a Defesa Civil de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, interditar o edifício Kátia Melo, em Piedade. A estrutura foi esvaziada após uma vistoria técnica.

As pessoas precisaram deixar seus apartamentos apenas com móveis e itens pessoais essenciais. Os sinais foram percebidos pelos moradores no final de semana e a Defesa Civil do município foi acionada, constatando o risco e interditando o local. 

Residentes relataram que as fissuras apareceram de repente e que o prédio passou por reformas visuais recentemente, fazendo com que a estrutura não pareça desgastada, se vista de longe. No entanto, ao olhar com mais cautela, é possível enxergar rachaduras em diversas paredes, cerâmicas desprendidas e até mesmo portas que não fecham mais.

A Defesa Civil do Jaboatão informou, por meio de nota, que o “prédio apresenta vários sinais, como fissuras, abatimento de piso e indícios de movimentação na estrutura”.

Agora, será necessário que o condomínio contrate uma perícia para determinar o que será feito a fim de garantir a segurança da estrutura. O espaço deverá ficar interditado até que sejam feitas as manutenções corretivas necessárias, conforme determina a Lei Estadual nº 13.032/2006.

A lei estabelece a obrigatoriedade de vistorias periciais e manutenções periódicas em edifícios de apartamentos e salas comerciais no estado. O objetivo é garantir a segurança e a integridade das edificações, complementando o sistema de alerta e defesa civil.

Principais pontos da lei

De acordo com o engenheiro civil, Luiz Fernando Bernhoeft, os prédios costumam apresentar uma série de “sintomas” que precisam ser observados com cuidado pelos moradores:

“A fissura, é a campeã. Quando começa a aparecer fissura, seja ela como for, é um sinal de que tem algo errado, inquestionavelmente. Vazamento e umidade também são problemas. A água por si só não é um problema, caso contrário a gente não teria piscina nem reservatório. Mas se tiver umidade em um local que não foi preparado para isso, é sinal que tem algo de errado”, pontua.

Além disso, prédios caixão apresentam riscos maiores pois são construídos com paredes e lajes de concreto armado moldadas no local, que formam uma única caixa estrutural. Isso significa que os elementos são interligados e não há vigas e pilares convencionais. Se uma parede estrutural for removida ou danificada, todo o equilíbrio da estrutura pode ser comprometido, aumentando o risco de colapso.

Muitos deles foram construídos entre os anos 1960 e 1980, especialmente para habitação popular. Com o tempo, a carbonatação do concreto, infiltrações e a corrosão das armaduras enfraquecem a estrutura. Como não há redundância estrutural, como pilares independentes, o sistema inteiro fica vulnerável.

Fonte: Diário de Pernambuco