Economia verde

Leve a COP30 para dentro do seu condomínio!

Nos últimos dias, a COP30 ocupou lugar nobre na mídia e chamou a atenção de todo o país para as pautas climáticas. Este é o momento para perpetuar o legado do evento!

Por Catarina Anderáos

19/11/25 05:40 - Atualizado há 8 dias


Pela primeira vez o Brasil sediou, em Belém do Pará, o principal encontro global anual que reúne líderes mundiais para discutir soluções contra o aquecimento global e reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Realizada de 10 a 21 de novembro, a COP30 destacou o compromisso mundial com a descarbonização da economia (redução de emissões de gases de efeito estufa), aumento da eficiência no uso de recursos, fortalecimento da resiliência climática e desenvolvimento sustentável.

O evento colocou as pautas climáticas em evidência, mobilizando a atenção de todo o país e esta é uma daquelas janelas de oportunidade únicas que síndicos, administradoras e condôminos devem aproveitar para engajar a comunidade, impulsionar ações concretas em seus condomínios e contribuir para um planeta mais saudável e um futuro de baixo carbono.

Agora é a oportunidade para gestores e moradores discutir a adoção de práticas das mais simples às mais inovadoras, campanhas educativas e integração com a economia circular, mostrando que cada ação local faz diferença global para um ambiente mais saudável, colaborativo e alinhado com os compromissos climáticos mundiais.

COP30 e condomínio: o chamado global e a realidade urbana

Por mais que tenha ficado uma sensação de "frustração", a COP30 não deixou de representar um marco crucial na agenda ambiental global.

Afinal, a luta contra a crise climática não se restringe a grandes acordos internacionais ou a políticas governamentais. Ela precisa, e deve, começar onde a maioria das pessoas vive: nas cidades, e isso inclui os condomínios urbanos.

Com mais de 12% da população brasileira residindo em apartamentos ou condomínios, sendo que em grandes centros esse percentual pode chegar a 30%, como em São Paulo, há tempos o setor condominial deixou de ser apenas um conjunto de moradias para se tornar um ator social e ambiental de peso.

A escala dessa concentração populacional e de consumo de recursos (água, energia elétrica, gás) confere aos condomínios um papel de protagonismo na busca por um futuro mais sustentável, alinhado às metas da COP30.

"O condomínio pode ser agente de mudança. Isso é construção de cidadania. Nunca é só sobre lixo, nunca é só sobre água, estamos criando pessoas que estão cuidando do planeta, olhando para a comunidade. Sustentabilidade são ferramentas de promoção da cidadania, envolve adutos, criança e idosos", enfatiza Rosely Ruibal, bióloga, consultora e especialista em ESG.

Esta reportagem explora como síndicos, administradoras e moradores podem aproveitar o legado da COP30 para modernizar a gestão, reduzir custos e impacto ambiental, além de valorizar o imóvel e promover qualidade de vida. Boa leitura (e mãos à obra!).

O que é a COP30?

A Conferência das Partes (COP) é a cúpula anual da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, sendo o principal espaço de negociação e decisão sobre o clima no mundo.

A COP 2025 foi a 30ª edição desse encontro (por isso COP30), com o objetivo central de revisar e fortalecer os compromissos globais de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e de adaptação aos impactos das mudanças climáticas, conforme estabelecido no Acordo de Paris.

O Brasil, como anfitrião, teve a oportunidade de reforçar suas metas de redução de emissões e de promover a justiça climática, valorizando as soluções locais e a participação da sociedade civil - porém, a proposta brasileira para o fim da dependência dos combustíveis fósseis ficou fora do acordo por resistência de produtores de petróleo, especialmente a Arábia Saudita.

Independente do resultado dos acordos internacionais ou de políticas governamentais, para o setor condominial, a COP30 serve como um poderoso catalisador, passando a sustentabilidade de um tema opcional para uma exigência e uma oportunidade de inovação.

Quatro Pilares do Condomínio Sustentável

Rosely Ruibal destaca que a sustentabilidade em condomínios pode ser estruturada em quatro pilares ambientais fundamentais, que se conectam diretamente com as metas de mitigação e adaptação da COP30:

1. Eficiência Hídrica: focada na redução do consumo e no reaproveitamento da água.

2. Eficiência Energética: visa a redução do consumo de energia e a diversificação da matriz para fontes limpas.

3. Gestão de Resíduos: busca a redução, reutilização, reciclagem e destinação correta dos resíduos, com foco na economia circular.

4. Paisagismo Regenerativo: prioriza espécies nativas, promove a biodiversidade e ajuda a mitigar as ilhas de calor urbanas.

A seguir, detalhamos as ações práticas para condomínios em cada um desses pilares.

Papel dos Condomínios Urbanos na Agenda da COP30

O diretor de atendimento da administradora BBZ, Henrique Heleno, destaca o papel central dos condomínios urbanos na agenda da COP30, especialmente em cidades densas como São Paulo.

"Os condomínios concentram grande parte do consumo de energia, de água, geração de resíduos e mobilidade local. Quando olhamos para os indicadores climáticos, fica claro que pequenas mudanças aplicadas em escala têm impacto coletivo imediato, como eficiência energética, gestão inteligente de recursos, descarte adequado e estímulo a comportamentos sustentáveis", afirma Henrique Heleno.

O especialista em inovação e diretor do LelloLab, Filipe Cassapo, reforça essa visão, posicionando o condomínio como um protagonista da transformação urbana.

"Levando em consideração que, entre os atuais 8 bilhões de seres humanos, mais de 60%, globalmente, vivem em mega ambientes urbanos, complexos e verticalizados, é com certeza no âmbito condominial urbano que se travará a maior luta da espécie humana para sua permanência saudável neste planeta", diz Cassapo.

"Devemos reconhecer que, de forma sistêmica, cada condomínio representa ao mesmo tempo a solução para mitigar, de cima para baixo, o aquecimento global, e ainda uma grande oportunidade de renovação da economia tradicional para uma bioeconomia consciente."

De acordo com os especialistas, os condomínios funcionam como microcomunidades urbanas capazes de implementar políticas ambientais de forma mais ágil do que o poder público, tornando-se agentes diretos da transição climática.

Por que condomínios devem se envolver nas discussões e ações da COP30?

O envolvimento na agenda da COP30 e nas práticas ESG (Ambiental, Social e Governança) traz benefícios tangíveis que vão além da responsabilidade socioambiental.

Benefício Descrição
Redução de Custos Economia real nas contas de água, energia e gestão de resíduos através de projetos de eficiência.
Valorização Imobiliária Imóveis em condomínios sustentáveis são mais procurados, modernos e ganham valor de mercado.
Qualidade de Vida Criação de um ambiente mais saudável, seguro e harmonioso para moradores e colaboradores.
Conformidade e Reputação Alinhamento com legislações futuras e construção de uma reputação positiva, seguindo padrões internacionais de ESG.
Cidadania e Engajamento Promoção da cidadania e do engajamento comunitário, transformando o condomínio em um agente de mudança.

Filipe Cassapo destaca o aspecto humano:

"Os condomínios que se envolvem com a agenda climática, e mais amplamente, com com agendas ESG, ganham, por um lado, em valor patrimonial, em eficiência de gestão, em redução de custos, e otimização de gastos, mas também, por outro lado, em bem-estar, em qualidade de vida, em felicidade bruta, e relacionamento harmonioso no condomínio, e com seu entorno."

Principais desafios de um condomínio ao adotar práticas sustentáveis

Apesar dos benefícios, a implementação de práticas sustentáveis enfrenta barreiras. A Gerente de Sustentabilidade e ESG do Secovi-SP, Patrícia Bittencourt, e os demais especialistas apontam os desafios mais comuns e propostas para superar:

Desafio

Como Superar

Engajamento dos Moradores

Divulgar mensalmente indicadores (água, energia, reciclagem), criar campanhas simples e envolver funcionários e crianças.

Orçamento Enxuto

Começar com medidas de baixo custo (ajuste de bombas, iluminação LED, combate a vazamentos, coleta seletiva) e registrar as economias para comprovar o retorno do investimento (ROI).

Falta de Conhecimento Técnico

Focar em ações com resultados rápidos e de impacto (eficiência energética, redução de perdas de água, gestão de resíduos) e estabelecer metas anuais simples com monitoramento sistemático.

Resistência Cultural

Desmistificar o tema, mostrando que sustentabilidade não é um "luxo", mas uma prática cotidiana que gera economia e bem-estar.

O síndico profissional Renan Leite, da CL Síndicos, ressalta a importância da comunicação ativa e do diagnóstico.

"Se não há comunicação ativa, o pessoal esquece. Todo mês, faço uma campanha de sustentabilidade. Este ano, por exemplo, tivemos estiagem, então fiz campanha focada em economia de água."

Ele também menciona a dificuldade de engajamento em condomínios de alto padrão, onde a separação de resíduos é feita por funcionários das unidades, exigindo treinamento específico para esses colaboradores, que precisam de incentivo e orientação dos condôminos.

Filipe Cassapo complementa, afirmando que o principal desafio é cultural e educacional.

"É preciso desmitificar temas como ESG, sustentabilidade, aquecimento global, e inserir a simples, mas potente ideia de que cada um pode decidir e contribuir de forma prática. Muitas vezes, percebemos que há resistência onde a sustentabilidade é imediatamente associada a custos ou complexidade", opina.

Propostas de Sustentabilidade Práticas para Condomínios na COP30

A COP30 exige ações concretas. Mas sempre dentro da filosofia de sustentabilidade compassiva, bandeira levantada por Rosely Ruibal, em que os condomínios implementam iniciativas dentro das possibilidades.

"O síndico precisa ser intencional, ser provocador, começar com uma ação, e será um caminho sem volta. Depois que implantar uma iniciativa, vamos para próxima, e vai reverberando e ampliando o escopo. Ninguém é sustentável o tempo todo, mas onde consegue ser", defende. 

As propostas a seguir, baseadas nas entrevistas, são práticas e acessíveis para qualquer condomínio. Conheça e leve para avaliação do seu condomínio.

1. Eficiência Energética (Mitigação de Emissões GEE)

No podcast abaixo, o fundador do SíndicoNet Julio Paim conversa com Jéssica Pereira, da Matrix Energia, sobre soluções energéticas que trazem eficiência e otimização de custos para condomínios, tais como cogeração de energia, mercado livre de energia, energia por assinatura, auto produção, sistema de baterias de armazenamento de energia (BESS) e microgrid (solução integrada). Vale a pena conferir:

2. Eficiência Hídrica (Adaptação Climática)

LEIA: Tudo sobre Como Economizar Água no Condomínio

3. Gestão de resíduos e Economia Circular

4. Paisagismo Regenerativo

Rosely Ruibal explica que a primeira causa da perda de biodiversidade é o desmatamento e a segunda são espécies exóticas e invasoras.

"Um exemplo é a leucena, uma árvore invasora muito usada em condomínios que vai invadindo os biomas brasileiros. Um passarinho come uma semente, volta para a floresta e leva essa planta invasora para a Mata Atlântica. Isso vem comprometendo os nossos biomas", ilustra a bióloga.

Em contrapartida, ipês são nativas, o que fica evidente pela sincronicidade das floradas na cidade inteira, e deveriam ser incentivadas.

"Escuta-se muito das pessoas: 'ipê só dá florada uma vez por ano e as flores sujam muito as calçadas e as ruas'. O imediatismo, a falta de paciência e as expectativas das pessoas em não esperar e respeitar o ciclo da natureza leva a erros, como usar plantas que não são do nosso bioma", diz Rosely Ruibal.

Quando for refazer o paisagismo do seu condomínio ou até avaliar se o que tem hoje é o mais adequado, há empresas especializadas neste tipo de avaliação e apresentam soluções adequadas que conversem com a biodiversidade local.

Aplicação no dia a dia dos condomínios

A chave para o sucesso é a intencionalidade do síndico e da administradora em dar visibilidade para temas relacionados à sustentabilidade. "Fala-se pouco disso e precisa haver maior comunicação", diz Rosely Ruibal, lembrando da filosofia da sustentabilidade compassiva.

O síndico profissional Renan Leite adota a estratégia do diagnóstico nos novos condomínios que passa a atender:

"Esta é a primeira fase da gestão, inteira de estudo, de finanças, seguro, estrutura, gestão de resíduos entre outros", explica.

A partir do diagnóstico, é possível montar um planejamento de longo prazo e identificar os "talentos" internos.

"Todo condomínio tem um 'doido do lixo', 'doido da horta'. O síndico tem que identificar os talentos, que tenham afinidades e que possam ser embaixadores do tema, da causa e colocar essas pessoas para agir", recomenda Ruibal.

Indicadores do progresso em sustentabilidade do condomínio

Para que a sustentabilidade seja uma prática de gestão e não apenas um discurso, é fundamental a mensuração.

"Percebo que quando os condomínios passam a monitorar indicadores básicos — como consumo de água, energia e geração de resíduos — a gestão se torna mais organizada e previsível. Esse acompanhamento simples abre espaço para identificar ajustes cotidianos, orientar decisões e otimizar o uso dos recursos, trazendo mais eficiência para a operação", comenta Patrícia Bittencourt, do Secovi-SP.

A gerente de ESG lista os indicadores mais relevantes e acessíveis aos condomínios, alinhados às metas da COP30, que reforçam a necessidade de reduzir emissões, aumentar a eficiência no uso de recursos e fortalecer a resiliência climática.

Para a realidade dos condomínios, isso pode ser traduzido em indicadores simples, práticos e totalmente operacionais:

Pilar

Indicador

Relevância para COP30

Eficiência Energética

Consumo de energia das áreas comuns (kWh/mês).

Eficiência e Mitigação de emissões (GEE).

Eficiência Hídrica

Consumo total de água (m³/mês).

Identifica desperdícios e orienta ações de uso racional.

Reaproveitamento Hídrico

Percentual de água reaproveitada para usos não potáveis (reúso + captação da chuva).

Reduz a dependência da rede pública e fortalece a resiliência climática.

Gestão de Resíduos

Taxa de reciclagem (reciclável x total gerado).

Diretamente ligado às metas ligadas à economia circular discutidas globalmente.

Qualidade da Separação de resíduos

Taxa de rejeito dentro do fluxo reciclável.

Mede a eficácia do engajamento na separação correta de resíduos feita pelos moradores mostrando oportunidades de melhoria. 

O monitoramento sistemático desses dados permite que o síndico comprove o retorno das ações e facilite a aprovação de novos projetos em assembleia.

ABNT PR2030 e Guia Secovi-SP ESG para Condomínios e Administradoras

A ABNT PR2030 - Práticas Recomendada "Ambiental, social e governança (ESG)" e o Guia Secovi-SP ESG fornecem a estrutura formal para que condomínios e administradoras implementem a agenda ESG de forma profissional.

Patrícia Bittencourt destaca que esses documentos traduzem os objetivos da COP30 para a realidade do setor:

"A COP30 reforça três grandes prioridades globais: reduzir emissões, adaptar cidades aos eventos climáticos extremos e fortalecer a participação social. A ABNT PR2030 traduz esses objetivos de forma ampla e estruturada, enquanto o Guia ESG Secovi-SP os adapta à realidade do setor imobiliário, oferecendo diretrizes práticas que os condomínios podem aplicar no dia a dia."

Os pontos mais alinhados à COP30 e implementáveis por condomínios são:

Tema

Ação Prática

Mitigação (Mudanças Climáticas)

  • Inventário simplificado de emissões (focado em consumo de energia e uso de geradores)
  • modernização de equipamentos (LED, bombas eficientes, automação, fotovoltaico)
  • planos anuais de redução de consumo (água e energia)
  • gestão de resíduos voltada à reciclagem e compostagem (redução de emissões provenientes de aterros).
  • uso racional da água e reaproveitamento

Adaptação (Eventos Extremos)

  • Drenagem eficiente manutenção periódica de calhas, ralos, caixas e bombas
  • ampliação de áreas verdes e sombreamento (redução de ilhas de calor)
  • gestão hídrica voltada à segurança
  • planos de emergência climática (ex: protocolos para enchentes e quedas de energia)
  • melhorias construtivas em fachadas, impermeabilizações e coberturas.
  • comunicação clara com moradores e funcionários em situações de risco.  

Resíduos e Economia Circular

  • Estruturar coleta seletiva
  • firmar parcerias com cooperativas
  • criar PEVs
  • adotar a compostagem
  • implantar programas de troca e reutilização, como espaços de doação de livros, objetos e mobiliário.

Cases de Sucesso em Sustentabilidade - Condomínios e Administradoras

A teoria se comprova na prática com exemplos de condomínios e administradora que já colhem os frutos da implementação de ações ligadas à sustentabilidade. Confira!

Case Lello: Cocriação e ESG, Inovação Sustentável em Condomínio

O case da Lello, vencedor do Prêmio Master 2025, demonstra uma metodologia escalável para levar o ESG a condomínios existentes. O Programa de Inovação Sustentável para Condomínios da Lello, desenvolvido pelo LelloLab, não se limita a oferecer produtos, mas a construir uma jornada de transformação com os moradores.

Filipe Cassapo explica a metodologia:

"A chave é envolver as pessoas com transparência, dados e escuta genuína. A sustentabilidade só acontece com as pessoas, nunca apesar delas."

O programa utiliza um Índice Socioambiental Lellolab com 30 indicadores e atua em quatro "infraestruturas" de soluções:

1. Infraestrutura Amarela (Energia): Solar, LED, carregamento para carros elétricos.

2.Infraestrutura Azul (Água): Captação de pluviais, reuso, medição individualizada.

3.Infraestrutura Cinza (Resíduos): Coleta seletiva, compostagem, coleta de óleo.

4.Infraestrutura Verde (Paisagismo): Horta comunitária, árvores frutíferas, agroflorestas.

5. Infraestrutura de Convivência: Áreas de lazer, espaço PET, festa/eventos, compartilhamento de itens, programação condominial.

6. Infraestrutura de comunicação: Telas digitais para elevadores, grupo de WhatsApp/Telegram, infraestrutura para Fibra Óptica, espaço para fixação de informes impressos, redes sociais, wi-fi nas áreas comuns.

7. Novos usos (espaços): Existência de espaços/salas ociosas ou subutilizadas, mudança de função (ex: jardim se transforma em horta comunitária), vagas de estacionamento ociosas, compartilhamento de itens, práticas de comércio/serviços, recebimento de mercadorias e área de logística. 

8. Entorno: Relação entre condomínios e comunidades da mesma rua/bairro, uso/contratação de profissionais estabelecidos no entorno próximo do condomínio, realização de feiras/eventos com demais condomínios da vizinhança, grupos de discussão sobre iniciativas no bairro, grupos de carona.

9. Mobilidade: Bicicletário, aluguel/compartilhamento de carros, grupos de carona.

10. Infraestrutura predial: Sistema digital de gerenciamento e controle de manutenção predial.

11. Segurança: Concertina, cerca elétrica, empresa especializada, portaria eletrônica, Vizinhança Solidária.

O júri do Prêmio Master destacou que o programa é uma solução inovadora e escalável que "introduz a cultura ESG no segmento massivo e de difícil acesso dos condomínios existentes", transformando a gestão condominial em uma plataforma de impacto socioambiental.

Condomínio Içara (Pompeia, SP) - O Exemplo Completo

O síndico profissional Renan Leite cita o Condomínio Içara como um exemplo de sucesso que integra diversas soluções:

Este case demonstra que a sustentabilidade é um projeto de longo prazo e que a integração de tecnologias (solar, reuso) com a gestão (individualização, coleta seletiva) é o caminho para a eficiência máxima.

Condomínio com rápido Retorno de Investimento (ROI)

Renan Leite também menciona um condomínio que investiu em placa fotovoltaica e obteve um resultado financeiro imediato: reduziu em 80% a conta de energia das áreas comuns, passando de R$ 3.000 para R$ 400 mensais. Em 24 meses o sistema se pagou (ROI).

Este exemplo é crucial para superar o desafio do orçamento enxuto, provando que o investimento em sustentabilidade é, na verdade, uma economia inteligente.

Ações de Baixo Custo com Alto Impacto

Henrique Heleno, da BBZ, compartilha um case de sucesso focado em ações de baixo custo:

"Em um dos condomínios administrados, juntamente com o síndico e a gestão interna, substituímos gradualmente a iluminação das áreas comuns por lâmpadas de alto rendimento, reorganizamos o sistema de coleta interna e ajustamos o cronograma de manutenção hidráulica. Em três meses, o condomínio registrou redução de 18% no consumo de energia e melhora significativa no índice de reciclagem, com custos mínimos de implantação."

Este case reforça que não é preciso um grande investimento inicial para começar a colher resultados.

O Poder da Horta Comunitária

Em um condomínio antigo, com problemas financeiros e moradores resistentes, Renan Leite conseguiu implantar uma horta comunitária após um planejamento de longo prazo:

"Conseguimos 'quebrar' a resistência após três anos de gestão, implantando uma horta comunitária, que é algo concreto. A moradora vai lá e colhe os temperos, o pé de alface e enxerga o retorno do investimento."

A horta, além de ser uma prática de paisagismo regenerativo, funcionou como um catalisador social, provando que a sustentabilidade é uma ferramenta de promoção da cidadania e de felicidade bruta, como diria Filipe Cassapo.

Legado da COP30 e o Futuro do Condomínio

A COP30 não é um evento distante; é um chamado à ação que ressoa em cada porta de condomínio no Brasil.

O setor, que concentra milhões de brasileiros e um consumo significativo de recursos, tem a responsabilidade e a oportunidade de se tornar um motor de transformação urbana.

Síndicos e administradoras, como líderes sociais, devem assumir a vanguarda desse movimento, traduzindo a complexidade da agenda climática em ações práticas e mensuráveis.

A sustentabilidade, quando bem planejada, é uma estratégia de gestão que reduz custos, valoriza o patrimônio e, acima de tudo, melhora a qualidade de vida de toda a comunidade.

Levar a COP30 para o condomínio no dia a dia é mais do que cumprir uma agenda global: é construir um futuro mais resiliente, eficiente e harmonioso, começando pelo lugar onde se vive.

Fontes consultadas: Filipe Cassapo (LelloLab), Henrique Heleno (BBZ), Patrícia Biettencourt (Secovi-SP), Renan Leite (síndico profissional), Rosely Ruibal (bióloga, consultora e especialista em ESG, head de expansão da Captóleo).