23/10/25 06:11 - Atualizado há 4 dias
Em algumas palestras minhas, costumo lançar a famosa pergunta: “O que você queria ser quando crescesse?” As respostas são as mais variadas - de piloto de Fórmula 1 a super-herói, de bailarina a astronauta.
Mas até hoje, ninguém me respondeu: “Sempre sonhei em ser síndico!”
E você, que já é síndico(a) ou está pensando em se tornar um, provavelmente tem o seu motivo, a sua razão, o seu porquê.
O meu motivo foi bem claro: o síndico anterior era muito autoritário, pouco transparente, movido a multas e favorecia um pequeno grupo de pessoas. Uma liderança ruim, na real.
Numa eleição, nós, moradores um tanto rebelados, elegemos um novo síndico, que fez um bom trabalho até decidir se mudar.
Antes de partir, ele me disse: “Fabião, assume essa parada! Você tem experiência executiva, é paciente e pode fazer uma ótima gestão. Não podemos deixar que volte outro síndico como aquele.”
Pensei bem e percebi que, mesmo com a vida corrida como executivo, eu poderia realmente contribuir com uma gestão mais humana e eficiente.
Vou listar três motivações que podem ser arriscadas para alguém ocupar o cargo de síndico de um condomínio.
A função de síndico exige dedicação - e esse “benefício” pode sair caro se você não tiver vontade genuína, preparo e resiliência.
Se estiver muito apertado financeiramente, pode se sentir tentado a buscar vantagens indevidas com fornecedores, por exemplo - e isso é crime.
Além disso, focar só no lado financeiro pode te levar a querer agradar a todos, ser “bonzinho demais”, para garantir a reeleição. E isso também é um erro grave.
“Ah, deixa que eu reformo a academia!” - pode até ser prioridade, mas quem deve decidir é a maioria dos condôminos, não você.
“Ah, eu quero ferrar a vida daquele condômino!” - ser síndico é ser líder.
É pensar no coletivo, no bem-estar e na segurança de todos.
Se o seu objetivo é apenas “mandar”, você vai encontrar resistência, travar a gestão e acabar se tornando aquele síndico chato e autoritário. Não caia nessa armadilha.
Muitos síndicos moradores têm mais disponibilidade - são aposentados ou trabalham meio período - e isso não é um problema.
Mas é essencial se preparar, estudar e entender que o cargo exige doação, paciência e bom relacionamento interpessoal.
“Ah, já que ninguém quer, eu assumo!” - se não pedir ajuda e não compartilhar responsabilidades, virão sobrecarga, estresse e frustração.
Por outro lado, se assumir com propósito e compromisso, mesmo tendo tempo de sobra, pode fazer uma gestão colaborativa e exemplar.
Na minha visão, o verdadeiro motivo é acreditar que você pode melhorar o condomínio e fazer uma boa gestão. Ou seja, ter um propósito.
Ser síndico é desafiador. Você precisa de organização, planejamento, transparência, boa comunicação, empatia, noções jurídicas e técnicas, liderança, ética e capacidade de resolver problemas com agilidade.
Talvez o seu motivo tenha sido outro - algo mais pessoal, específico do seu condomínio. E está tudo bem. O importante é que tenha sido um bom motivo e que você esteja buscando fazer uma boa gestão.
E o mais importante de tudo: tenha a verdadeira intenção de tornar seu condomínio um lugar melhor para viver. Busque uma gestão humanizada de resultados - seja um síndico ou uma síndica com propósito.
E você, por que quis ser síndico(a)? Reflita sobre o seu porquê e compartilhe comigo nos comentários no meu instagram. Vamos fortalecer juntos uma gestão condominial mais humana e eficiente!
(*) Fabio Interaminense é síndico morador e profissional, engenheiro com especializações em marketing, vendas e psicologia. Criador da Metodologia VIVER, mentor e palestrante. Instagram: @sindicocomproposito | e-mail: fabiointeraminense@gmail.com