29/08/25 11:45 - Atualizado há 4 dias
Jim Collins, em Empresas Feitas para Vencer, alerta que o maior obstáculo ao salto de “bom” para “excelente” é justamente a acomodação com o “bom” — seja em escolas, governos ou vidas pessoais.
Quando trasladamos essa provocação ao universo da gestão condominial, surge a pergunta: muitos síndicos limitam-se a conduzir seus condomínios de forma boa, cumprindo o básico, em vez de perseguir uma gestão excelente, capaz de transformar positivamente a experiência dos condôminos?
1. Cumprimento de Obrigações Legais e Administrativas
2. Manutenção Corretiva e Preventiva
3. Comunicação Elementar
Esse modelo “bom” assegura a sobrevivência do condomínio, mas tende a gerar:
Segundo Collins, organizações que atingem a excelência compartilham certos pilares que podem (e devem) ser adaptados à realidade condominial:
Pilar | Aplicação na Gestão Condominial |
Liderança Nível 5 | Síndicos que unem humildade pessoal e vontade profissional, colocando o bem-estar coletivo acima de interesses pessoais. |
Pessoas Certas no lugar certo | Envolver conselheiros, subsíndicos e equipe técnica alinhados à visão de excelência, com papéis claros e responsabilidades definidas. |
Disciplina de Pensar e Agir | Planejamento de longo prazo (ex.: fundos de reserva, projetos de melhoria), aliado à execução rigorosa e ao acompanhamento de indicadores. |
Cultura de Rigor | Implantar processos de qualidade total — por exemplo, checklist de inspeção predial e auditorias internas regulares. |
Flywheel (Volante de Inércia) | Pequenas vitórias constantes (ex.: redução de custos de energia, implantação de reciclagem), que acumulam impulso positivo e engajamento dos condôminos. |
Cláusula do Porco-Espinho | Focar no que o condomínio pode ser melhor do que qualquer outro (ex.: segurança, sustentabilidade, convivência), ignorando distrações. |
Abaixo, listei quatro comportamentos que são verdadeiras barreiras para que o síndico dê um salto de qualidade na sua forma de fazer a gestão condominial:
1. Visão de Curto Prazo
Síndicos que buscam apenas aprovar a previsão orçamentária anual, sem projetos de longo prazo (melhorias estruturais, eficiência energética).
2. Resistência à Inovação
Falta de conhecimento ou medo de tecnologia, tais como apps de gestão condominial, sistemas de automação, portarias remotas.
3. Falta de Engajamento dos Moradores
Comunicação unidirecional e ausência de espaços participativos (comitês temáticos, enquetes digitais).
4. Mediocridade Cultural
Aceitação do “jeitinho” e improvisos, em vez de processos claros e padronizados.
Confira um roteiro de cinco estratégias para avançar rumo à excelência na sua gestão como síndico.
1. Autodesenvolvimento Contínuo
2. Gerenciamento Baseado em Dados
3. Planejamento Estratégico Condominial
4. Cultura de Excelência e Transparência
5. Governança Colaborativa
Assim como as empresas “boas” tendem a estacionar ao invés de avançar rumo à excelência, na gestão condominial é preciso romper com a zona de conforto.
O síndico excelente transcende o mero cumprimento das obrigações: ele lidera com humildade e propósito, engaja pessoas certas, implanta disciplina e processos, e mantém o volante girando com conquistas constantes.
O desafio é claro: abandonar o “bom o bastante” e abraçar uma cultura de melhoria contínua, em que cada projeto, cada processo e cada diálogo seja oportunidade de elevar a qualidade de vida e o valor do patrimônio coletivo.
Só assim o condomínio deixará de ser “apenas bom” para tornar-se verdadeiramente excelente.
(*) Albelio Dias é Mestre em Administração, com pós-graduação em Matemática e Educação Tecnológica, além de graduação em Ciências/Matemática e Teologia. Atua como professor em programas de MBA e possui mais de 30 anos de experiência como síndico profissional. Atualmente, é coordenador de Educação no projeto Síndico+Gestão. Também é autor dos livros Condomínios em Perspectiva Multidisciplinar e Excelência na Gestão Condominial.