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Segurança

Contaminação por mercúrio

SP: Família e até gato de estimação são retirados de apartamento

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024
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Apartamento é evacuado e homem fica internado após derramar mercúrio em mesa; entenda os riscos à saúde

Paciente, morador de Campinas, teve alucinações sobre perseguição, Deus, purificação e chegou a cortar fios da internet por medo de radioatividade. Ele segue internado há 48 dias.

Um casal precisou evacuar o apartamento onde mora, no Centro de Campinas (SP), após o imóvel ser contaminado por mercúrio. O metal, que é líquido em temperatura ambiente, foi levado até a residência da dona de casa Jenadir Mendes, 48 anos, pelo sobrinho, que está internado no Hospital das Clínicas da Unicamp há 48 dias por ter tido contato com a substância.

Segundo Jenadir, o sobrinho, de 30 anos, era vendedor de carros e está em contato com a substância desde novembro. A família não sabe como ele conseguiu o metal.

"Ele passou aqui e dormiu na minha casa, só que ele trouxe esse produto com mercúrio em um ‘vidrinho’ e perguntou se eu tinha um [recipiente] menor para colocá-lo", lembra a dona de casa.

Em uma das visitas, o rapaz derramou acidentalmente parte do mercúrio na mesa.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, a intoxicação por mercúrio pode resultar em danos cerebrais, problemas de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo, distúrbios renais, cardiovasculares, imunológicos, comprometimento da visão e do sistema respiratório.

Em uma matéria publicada no g1 há um ano, a doutora em saúde pública e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz) Ana Claudia Santiago de Vasconcellos explicou que o composto tem como alvo o sistema nervoso central.

"O mercúrio é absorvido, cai na corrente sanguínea e chega até o cérebro, onde pode prejudicar a audição, coordenação motora, inteligência, além de causar o desenvolvimento de problemas como depressão e insônia”, alerta Vasconcellos.

Internação

Segundo a Secretaria de Saúde de Campinas, a família informou que o homem começou a ter alterações comportamentais a partir de 15 de dezembro de 2023, e houve piora após o Natal.

"Perto do ano novo, ele voltou de viagem e começou a ter atitudes de louco, tipo, 'vou cortar o fio para impedir a radiação da internet'", diz Janedir.

De acordo com ela, o sobrinho chegou a cortar, de fato, os cabos de internet da casa da mãe. Ele acreditava estar sendo perseguido. Mas mesmo com as alucinações, a dona de casa não acredita que o homem oferecesse risco a alguém.

“Ele falava muito uma coisa de Deus, purificação, mas não ameaçava a vida de ninguém”, garante Janedir.

De início, o paciente foi internado na ala psiquiátrica, mas após constatarem a contaminação por mercúrio o caso foi encaminhado para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) Unicamp.

Como o paciente está?

O homem voltou para a ala psiquiátrica e segue hospitalizado até esta publicação, mas, segundo a tia, ele já foi desintoxicado e tem permissão para visitar os familiares em fins de semana e feriados. "Ele está arredio, principalmente quando chega gente estranha", diz Jenadir.

Segundo o médico e professor da faculdade de medicina da Unicamp Eduardo Capitani, membro do CIATox, o paciente segue sob os cuidados do serviço de psiquiatria e não há mais necessidade de tratamento ou seguimento toxicológico, já que está há várias semanas afastados da exposição ao mercúrio.

Capitani, que acompanhou o caso, também destacou que não há como afirmar que as alterações comportamentais do paciente foram causadas por intoxicação ou se o homem já tinha uma doença psiquiátrica latente desencadeada pela exposição ao produto.

"A própria ideia de manipular mercúrio e todas as ações que ele desenvolveu com o mercúrio na época podem também terem sido desencadeadas pelo início de um quadro psicótico" , afirma o médico.

"Neste momento, não temos como afirmar que ele realmente teve um quadro de intoxicação pelo mercúrio."

Apartamento contaminado

Após a família procurar atendimento no HC, a Unicamp notificou o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas, que começou a investigação do caso.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) também foi acionada para realizar a inspeção no apartamento de Jenadir, onde o sobrinho manipulou o mercúrio de forma inapropriada, e constatou a contaminação do imóvel.

Por conta da contaminação presente em alguns móveis como máquina de lavar, mesa, sofá e roupas, Jenadir e o marido foram orientados a deixar o apartamento. Como não tinham para onde ir, permaneceram no imóvel até o fim de janeiro, mesmo não sendo o recomendado.

“Estávamos aqui desde dezembro, por que não podíamos ficar um pouco mais?”, questiona a dona de casa.

Os outros apartamentos e os elevadores do prédio não foram afetados. No dia 31 de janeiro, a Cetesb fez uma nova medição que constatou novamente o mercúrio nos eletrodomésticos. Desta vez, a gata de estimação da família, que atende pelo nome de Nina, também foi levada pelo Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA), já que os técnicos constaram contaminação na cama do animal.

Para Jenadir, foi o início de um novo pesadelo. A retirada dos móveis e até mesmo a evacuação do apartamento não se comparam a perda de Nina, que fugiu das dependências do DPBEA e segue desaparecida.

Sumiço da gata

Após a segunda medição do Cetesb, o casal foi abrigado por um conhecido da família. A previsão é que Jenadir e o marido ficassem ali até o dia 10 de fevereiro, data de entrada no imóvel alugado com o auxílio da prefeitura. Já Nina foi levada pelo DPBEA para tomar um banho de enxofre e deveria permanecer abrigada ali até a mesma data.

A medida era preventiva, já que a gata não estava contaminada. No entanto, como a Cetesb constatou mercúrio na cama do felino, a veterinária responsável orientou Jenadir a autorizar a transferência. O marido desaprovou a decisão.

“Eu estava querendo deixar eles fazerem o trabalho deles, porque era necessário. Tanto para minha saúde quanto para saúde do pessoal do prédio”, explica.

No entanto, logo nos primeiros dias, Jenadir parou de ter notícias da gata. No dia 6 de fevereiro, após muita insistência, a dona de casa recebeu a notícia que Nina havia fugido do DPBEA na madrugada de segunda-feira (5). “Meu chão desmoronou”, lamenta a dona de casa.

Ela foi até as dependências do DPBEA para ajudar nas buscas pela felina, mas sem sucesso. Jenadir desaprovou as condições do abrigo.

“Uma gata que dorme na cama, com uma coberta fofinha, que tinha todas as regalias dentro de casa, estava em uma gaiola com uma caixinha de jornal, outra para ela fazer cocô e outra para comida”, descreve.

Segundo o DPBEA, a gata ficou sob observação em uma gaiola de inox e fugiu por uma fresta do compartimento, após um ponto de solda se desprender. A Prefeitura destaca que a gata estava em alta quando isso ocorreu e, portanto, não oferece riscos à saúde.

Jenadir, por outro lado, acredita que houve descuido por parte da equipe e já perdeu as esperanças de reencontrar Nina. “Eu acho que ela não resistiu ao banho. Acho que ela já está morta”, lamenta. “Ela tinha dono, tinha onde dormir e foi lá dormir em cima de jornal, cheiro de xixi de outros gatos, muito barulho de cachorro. Ela estava assustada. Eu sei que ela poderia fugir, mas não daquela forma”, diz.

Segundo a Prefeitura de Campinas, assim que a fuga foi identificada, a equipe do DPBEA iniciou as buscas pelo animal. A administração municipal também destacou que os tutores estiveram presentes para auxiliar nas buscas no dia seguinte, data em que foram informados sobre a ocorrência.

Ainda assim, o sentimento é de revolta. “Eles insistiram em tirar ela daqui de dentro e não me deram resposta de imediato quando ela sumiu”, afirma Jenadir.

A mobilização em busca do animal envolve divulgação por meio de cartazes na Vila Boa Vista, bairro nas proximidades do DPBEA e redes sociais. Até esta segunda-feira (19), não houve sucesso. Jenadir é tutora de Nina desde 2018 e segue sentindo sua falta.

“A minha gata é como se fosse um filho. Eu não gosto de humanizar o animal, mas é o amor que eu poderia dar a um filho, já que eu não posso ter”, desabafa.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2024/02/19/apartamento-e-evacuado-e-homem-fica-internado-apos-derramar-mercurio-em-mesa-entenda-os-riscos-a-saude.ghtml

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