Inadimplência em alta
SP: Inflação e taxa de juros afetam pagamento de cotas condominiais
Inadimplência da taxa de condomínio registra alta em São Paulo, revela Índice Superlógica
Índice de inadimplência condominial em São Paulo atinge a marca de 4,73% em março, abaixo da média nacional que foi de 6,80%
A inadimplência da taxa de condomínio em São Paulo apresentou alta em março de 2025, saindo de 4,58% no mês anterior para 4,73%, com variação de 0,15 ponto percentual. No comparativo com o mesmo período de 2024 (4,71%), houve uma pequena retração de 0,02 ponto percentual. O índice no estado segue ainda abaixo da média nacional, que foi de 6,80% em março. Os dados são do Índice de Inadimplência Condominial da Superlógica, plataforma de soluções tecnológicas e financeiras para os mercados condominial e imobiliário no país.
O pico de inadimplência condominial em São Paulo nos últimos 12 meses foi em abril de 2024, quando a taxa ficou em 5,16%. O menor percentual dos últimos 12 meses foi registrado em maio do ano passado: 4,57%. No Brasil, o pico de inadimplência condominial nos últimos 12 meses havia sido em maio de 2024, quando a taxa ficou em 7,62%. Nacionalmente, o menor percentual dos últimos 12 meses foi registrado em dezembro de 2024: 5,76%.
“Observando os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é possível notar que outubro, novembro e dezembro acompanham os meses de janeiro a março de inadimplência condominial. Terminando o ano com preços elevados, como visto no IPCA, é normal que a inadimplência seja reflexo disso no primeiro trimestre”, analisa João Baroni, Diretor de Crédito do Grupo Superlógica.
“A inadimplência do mercado condominial no país vem subindo, e dois dos motivos são o aumento da inflação e da taxa de juros. São fatores que reduzem o poder de compra da população e, consequentemente, aumentam a inadimplência - sobretudo a condominial, dada a prioridade de pagamento das pessoas por despesas mais caras, como cartão de crédito, aluguel, empréstimos e cheque especial”.
Quando a análise é segmentada por região geográfica, o cenário é de maior inadimplência no Norte (8,60%), seguido do Centro-Oeste (6,59%), Nordeste (6,03%), Sudeste (5,68%) e Sul (4,83%). Vale destacar que houve aumento em todas as regiões de fevereiro para março.
A base de dados que embasa o índice é composta por aproximadamente 300 mil condomínios de todas as regiões do Brasil, somando mais de 4,2 milhões de imóveis (casas e apartamentos), que possuem boletos que estão há mais de 90 dias sem pagamento. Todos os dados são anonimizados, ou seja, não são passíveis de associação a um indivíduo, direta ou indiretamente.
O levantamento leva em consideração o valor da taxa de condomínio, o tipo de imóvel (apartamento ou casa) e a sua localização, além das datas de vencimento e pagamento, que mostram se há inadimplência ou não.
Segmentação por valor
Em relação ao valor, as taxas de condomínio no país foram segmentadas em alta, média e baixa, considerando abaixo de 500 reais como baixa e acima de 1.000 reais como alta.
É possível perceber que a taxa não apresenta grande variação mês a mês, mas é notável como o comportamento segmentado por valor é muito diferente de forma geral, sendo que condomínios de valor abaixo de 500 reais possuem uma inadimplência maior que condomínios de taxa média e alta.
Em março, as taxas de inadimplência de condomínio no país de até 500 reais atingiram 10,26%, alta de 0,36 ponto percentual em relação a fevereiro e segunda maior marca dos últimos 12 meses. Já nos condomínios de até 1.000 reais, o índice chegou à marca recorde de 5,03% (alta de 0,31 ponto percentual em relação ao mês anterior). E nos condomínios acima de 1.000 reais, a taxa também foi recorde, de 3,93% (alta de 0,60 ponto percentual em relação a fevereiro).
O levantamento da Superlógica revelou ainda que a taxa de condomínio médio no país, entre janeiro e março, foi de 899,27 reais – uma alta de 5,77% em relação à média registrada no mesmo período do ano passado. Valor pouco acima da inflação nos últimos 12 meses, que foi de 5,48%, de acordo com o IPCA. Entre as regiões com as maiores taxas de condomínio, o Norte (com 979,05 reais) lidera, seguido do Nordeste (975,17 reais), Sudeste (964,86 reais), Centro-Oeste (744,82 reais) e Sul (710,53 reais). Em São Paulo, a taxa média de condomínio, entre janeiro e março, foi de 1.037,19 reais.
Na comparação com o salário mínimo brasileiro atual, que é de 1.518 reais, a taxa média de condomínio, em valores nominais, já equivale a quase 65% dele no Norte e Nordeste, e pouco menos de 64% no Sudeste, 49% no Centro Oeste e 47% no Sul. Na média nacional a taxa de condomínio equivale a 59% do salário mínimo. Em São Paulo, a taxa de condomínio equivale a 68% do salário mínimo.
Consequências e soluções
A inadimplência da taxa condominial traz consequências prejudiciais tanto para os moradores como para o próprio condomínio. Se, de um lado, o morador corre o risco de perder até o imóvel por não pagar a cota, caso a dívida seja judicializada e o bem, colocado em leilão, de outro, o gerenciamento de gastos da coletividade torna-se incerto, muitas vezes inviabilizando manutenções de rotina e obras de melhoria.