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Manutenção predial

Impactos dos eventos climáticos extremos em condomínios

Tem sido cada vez mais comum síndicos serem surpreendidos por eventos climáticos extremos que provocam danos aos condomínios. Entenda quais são os riscos e como a manutenção preventiva se torna grande aliada

10/01/24 05:27 - Atualizado há 3 meses
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Homem retira água de varanda de apartamento após chuva forte
Manutenção preventiva garante segurança de moradores e evita danos ao patrimônio
Reprodução/ iStock

Marcado por ondas de calor fora de época e temporais sem precedentes, 2023 foi o ano dos eventos climáticos extremos no Brasil. De acordo com um levantamento encomendado pelo Instituto Pólis, 7 em cada 10 pessoas afirmam ter vivenciado algum tipo de incidente relacionado ao clima no País.

Como não poderia ser diferente, os impactos também foram sentidos pelos condomínios, que precisaram enfrentar transtornos provocados por deslizamentos de terra, queda de árvores, avanço do mar e outras situações que pegaram os síndicos de surpresa, desencadeando uma resposta psicoemocional conhecida como ecoansiedade (leia mais ao final da matéria).

Para entender quais são os efeitos das mudanças climáticas sobre o mercado condominial e as medidas preventivas que podem ser adotadas contra acidentes e danos estruturais, o SíndicoNet reuniu, nesta reportagem, sugestões de especialistas de diversos segmentos. Boa leitura!

Qual o impacto das mudanças climáticas em condomínios?

Pontualmente, alterações no clima já são consideradas por síndicos e gestores durante a elaboração de um planejamento estratégico.

No entanto, estudos apontam que nos próximos anos a gangorra meteorológica tende a ficar cada vez mais imprevisível. Dessa forma, é fundamental que os condomínios estejam preparados para enfrentar desdobramentos das mudanças climáticas.

Abaixo, listamos alguns eventos recentes que ilustram bem os riscos potenciais:

Por acelerarem o desgaste natural da infraestrutura, essas intempéries não só representam um risco à segurança de moradores, mas também geram custos adicionais com manutenções a curto e longo prazo, especialmente quando os danos não são monitorados.

Com as fortes chuvas que atingiram o interior de São Paulo entre outubro e novembro de 2023, o síndico profissional Alain Ângelo precisou gerenciar transtornos em diversos condomínios, que englobavam de calhas entupidas à queda de muros.

Porém o caso que mais exigiu esforços foi a descompactação de solo que provocou o afundamento na garagem de um residencial. Para dar início à reestruturação, que teve um custo avaliado em R$ 480 mil e conclusão prevista em um ano e meio, todas as vagas precisaram ser quebradas. Logo, durante o processo, não haverá espaço para estacionamento no local.

Em entrevista ao SíndicoNet, ele relatou dificuldades para ter acesso ao seguro, num processo que se arrasta há mais de um mês. Enquanto isso, os R$ 300 mil acumulados no fundo de reserva do condomínio foram utilizados para arcar com os custos das obras e laudos técnicos, aumentando ainda mais a tensão de moradores.

“Eles se sentem impotentes e até mesmo enganados pela construtora, então há um peso adicional em lidar com essa responsabilidade de afirmar que é seguro continuar ali, apesar do que ocorreu. Muitas vezes, como síndicos, nos culpamos por não ter previsto esse tipo de incidente, mas acho importante lembrar que não somos super-heróis”, detalha Alain Ângelo.

Entre gestores condominiais, a preocupação com a temporada de chuvas é constante, afinal são muitos os danos decorrentes de temporais: alagamentos, deslizamentos de terra, queda de raios, entre outros.

Em alguns casos eles podem até mesmo ser reincidentes, como conta Alexandre Torres, membro do SíndicoNet Clube que acaba de assumir a gestão do prédio onde mora.

"Dez anos atrás uma erosão surgiu no pátio e, após uma forte chuvas em São Bernardo do Campo, o mesmo buraco reapareceu. Acionamos técnicos da Defesa Civil e um engenheiro particular, que atestaram se tratar de um problema na galeria de águas pluviais. A grande preocupação é o fato de estarmos em período de férias e já termos encontrado crianças brincando próximas ao local."

3 Orientações técnicas para evitar problemas com manutenção e acidentes

Na avaliação do síndico morador e conselheiro no Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo), Joni Matos Incheglu, dois fatores básicos determinam a segurança de edificações: um projeto bem executado e manutenções periódicas.

“Se esses itens forem observados, mesmo com todas as intempéries e a oscilação climática, dificilmente você terá algum problema”, ressalta.

Ainda segundo Incheglu, o apoio de profissionais habilitados é imprescindível para se enquadrar às normas técnicas vigentes, especialmente com relação aos subsistemas mais expostos aos eventos climáticos extremos, como para-raios e juntas de dilatação da estrutura.

Confira abaixo, três orientações dos engenheiros Laura Mitterer, cofundadora do app de manutenção Éleme, e Felipe Lima, especialista em manutenções e professor do curso de Gestão de Manutenção Predial do SíndicoNet Experts, para evitar transtornos no seu condomínio.

1. Identificação e correção de vulnerabilidades

Principalmente com relação a condomínios mais antigos, localizados em regiões litorâneas e encostas, é preciso se atentar a vulnerabilidades que podem não ter sido avaliadas na época de sua construção.

Vale ressaltar que a aprovação de órgãos municipais competentes e a supervisão de técnicos com registro ativo são obrigatórias. Procure conhecer a legislação local.

2. Inspeção preventiva de estruturas

Ainda que não sejam visíveis, quando um empreendimento passa por qualquer eventualidade parecida com essas citadas na matéria, danos podem se alastrar pouco a pouco. Por isso, além de uma checagem de rotina, é preciso vistoriar todas as áreas.

3. Manutenção regular de áreas em risco

Uma vez identificadas todas as condições em que o condomínio e seu entorno se encontram, basta partir para a ação. Vamos a alguns exemplos:

  • Destelhamento: caso o empreendimento ainda não tenha um plano de manutenção predial, implante um e siga rigorosamente as rotinas de inspeção de telhado e limpeza de calhas, intensificando essa rotina em períodos chuvosos.
  • Queda de revestimentos: além de aproveitar a lavagem da fachada para inspecionar pastilhas, é preciso realizar a troca de selantes anualmente.
  • Falta de energia: caso seu condomínio utilize geradores, limpe o tanque periodicamente e fique atento à validade do diesel. O sistema elétrico e dispositivos de segurança dos elevadores também precisam estar em boas condições de uso.
  • Queda de árvores: é importante que o síndico tenha ciência de todas as árvores que existem no local, principalmente as que estão próximas da rede elétrica, acionando a prefeitura para realizar a poda ou substituição de plantas doentes.
  • Deslizamentos: especialistas devem ser contratados para verificar o estado do sistema de drenagem do condomínio, evitando o acúmulo de água no solo, e a integridade da estrutura dos muros de contenção.

Como o condomínio pode se precaver contra danos potenciais dos eventos climáticos extremos?

Melhor que remediar um problema, é estar prevenido contra ele. Logo, o síndico pode tomar algumas medidas para garantir mais tranquilidade aos condôminos.

Acompanhamento constante das condições climáticas 

Além de checar periodicamente previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), também é recomendável cadastrar seu telefone no "SMS da Defesa Civil" para receber alertas com antecedência. Para tanto, basta enviar uma mensagem para o número 40199, com o CEP da área de interesse, ou se cadastrar pelo WhatsApp (clique aqui).

Planejamento de ações preventivas

No início de dezembro, Angra dos Reis (RJ) registrou inúmeras quedas de barreiras após um forte temporal.

Em entrevista ao SíndicoNet, o administrador de condomínios Vitor Graciano contou que somente no interior de um dos empreendimentos foram 16 pontos de deslizamentos, afetando o funcionamento de toda sua infraestrutura. Confira o registro abaixo:

Por ter enfrentado situações parecidas, o condomínio estava preparado e pôde resolver a questão com agilidade.

"Já vínhamos monitorando a previsão do tempo e deixamos uma equipe especializada de sobreaviso. Dessa forma, na manhã seguinte, demos início à retirada do barro com caminhões e retroescavadeiras", lembra Graciano, que também acompanha os conteúdos do SíndicoNet Clube.

O relato comprova a importância de contar com uma boa rede de prestadores de serviços ao criar um plano de gestão de riscosa fim de instruir moradores e funcionários para lidarem da melhor forma com eventos climáticos extremos.

Seguro predial: cobertura para eventos climáticos

Contratar um seguro para condomínios ou unidades é uma boa medida para que o prejuízo não seja tão significativo, mas é preciso ter algumas ressalvas antes de fechar um contrato, afinal, muitas apólices não incluem cobertura para eventos climáticos extremos, que deve ser adquirida separadamente.

Desse modo, é preciso avaliar todos os termos, checando limites de indenizações e circunstâncias que excluem o direito. 

Assista abaixo o bate-papo do SíndicoNet com o especialista em seguros condominiais Sérgio Zaveri:

Como envolver a comunidade condominial nas ações preventivas?

Assim como outros aspectos da vida condominial, a contenção de riscos também é um trabalho colaborativo, que exige um papel ativo de moradores.

Segundo Laura Mitterer, cabe ao síndico reforçar a comunicação para evitar que eles se exponham a riscos, como se abrigar de tempestades debaixo de árvores, e identifiquem sinais de problemas estruturais e repassem ao gestor ou zelador.

Ecoansiedade: consequência de eventos climáticos extremos atinge pessoas  

Por outro lado, é de conhecimento geral que as mudanças climáticas só podem ser revertidas atuando diretamente sobre suas causas: o desperdício de recursos naturais e o lançamento de gases tóxicos na atmosfera.

Em alguns casos, o sentimento de impotência pode até mesmo levar ao adoecimento mental das pessoas, impactando diretamente na convivência em comunidade.

Apesar de não existir um diagnóstico oficial nos manuais brasileiros, alguns estudiosos têm se dedicado a analisar emoções provocadas pela percepção de que o meio ambiente está em colapso. Uma delas é a chamada ecoansiedade.

Colaboradora de um estudo recente da Universidade de Yale sobre o tema, no qual foram ouvidos jovens brasileiros entre 6 e 18 anos, a psiquiatra residente no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), Debora Tseng Chou, relata que a proximidade com eventos climáticos extremos pode despertar certo temor, mas é preciso focar em reverter esse cenário.

“Sentir um pouco de ansiedade e preocupação não é um problema em si, pois é justamente o que nos mobiliza e faz com que não fiquemos indiferentes. Essa emoção começa a se tornar preocupante quando toma grandes proporções e, para evitar isso, o mais indicado é se dedicar a ações coletivas que estão ao nosso alcance”, explica.

Desse modo, investir em projetos de sustentabilidade e conscientização de moradores deve ser algo cada vez mais presente na rotina de síndicos.

"Os condomínios têm um papel fundamental no que diz respeito à adaptação. Em primeiro lugar, reconhecendo que estão vulneráveis aos eventos climáticos extremos, e depois conscientizando a população sobre o impacto positivo de medidas como a coleta seletiva, a instalação de painéis solares e a economia de recursos naturais", reforça o pesquisador do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Lincoln Alves.

Vale ressaltar que, implementando essas iniciativas, não só o meio ambiente é favorecido, como também a própria saúde financeira do condomínio, tendo em vista a economia gerada. 

Como você pôde compreender ao longo desta matéria, investir em sustentabilidade e manutenção preventiva são essenciais para amenizar os eventos climáticos extremos e seus impactos em condomínios. Por isso, que tal ler mais sobre iniciativas que você pode adotar para ajudar a natureza neste link?

Fontes consultadas: Alain Ângelo (síndico profissional), Alexandre Torres (síndico morador), Debora Tseng Chou (psiquiatra), Felipe Lima (engenheiro manutencista), Instituto Pólis, Joni Matos Incheglu (conselheiro no Crea-SP), Laura Mitterer (engenheira cofundadora da Éleme), Lincoln Alves (pesquisador do INPE) e Vitor Graciano (administrador de condomínios).

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