Ajuda da tecnologia
Ferramentas digitais auxiliam síndico na crise
Condomínios do Alto Tietê aderem às ferramentas digitais para manter organização e discussões durante a quarentena
Ferramentas que facilitam o contato com os síndicos, agendam serviços e substituem as assembleias presenciais se tornaram uma opção
O funcionamento dos condomínios do Alto Tietê na quarentena do novo coronavírus (Covid-19) também passa por mudanças. Administradoras e síndicos passaram a adotar meios digitais para manter o contato com os condôminos respeitando o isolamento social.
A médica Selma Silveira mora num condomínio em Mogi das Cruzes. A mãe mora ao lado e ela sempre contou com a ajuda de alguns profissionais no dia a dia. Por causa da quarentena, a entrada dessas pessoas chegou a ser barrada, como ela relata.
“No início da quarentena houve a proibição total da entrada de qualquer tipo de prestador, só que as minhas funcionárias não são prestadoras temporárias, elas são funcionárias registradas, regidas pela CLT. Houve o questionamento da parte administração se deixariam ou não entrar e depois entenderam que sendo as duas profissionais necessárias, como também serviços essenciais, não é uma reforma, não é um prestador ocasional que você possa deixar para resolver os problemas, elas foram autorizadas”.
O prédio onde a médica mora fica em um condomínio com duas torres. São 216 apartamentos e inúmeras questões para o síndico Nivaldo Natale resolver. No entanto, um aplicativo oferecido pela administradora do prédio tem facilitado a rotina entre condomínio e condôminos.
“Realmente, nesses tempos de quarentena, a vida do síndico não tem sido nada fácil. O número de problemas aumenta e a gente tem que tentar conciliar todos eles para dar uma solução. Além da gente cuidar da segurança dos condôminos e dos funcionários, aumentando nossos cuidados com higiene e limpeza, nós temos também que restringir ao máximo a circulação de pessoas, coisa que nem sempre é bem aceita pelos proprietários. A nossa empresa disponibiliza para o condomínio que é um aplicativo social onde nós conversamos, o condômino tem a oportunidade de conversar diretamente com o síndico, e nós tratarmos de problemas no dia a dia, para que a gente possa dar um retorno para ele de uma forma rápida, mais precisa. Isso a gente consegue fazer com bastante transparência, fortalecendo o relacionamento entre a administração do condomínio e o proprietário”, afirma o síndico.
Quem também está contando com a ajuda de aplicativos é a Renata Grisaro administradora de oito habitacionais no Alto Tietê. No entanto, ela diz que nem todos aderiram a essa nova realidade e ainda estão em processo de adaptação.
“Atualmente, dois condomínios estão utilizando os aplicativos. Os demais usam outros recursos, como o WhatsApp. Essa parte, com relação a aplicativo, ainda está sendo gradativo. Já está disponível, mas ainda está em processo de implantação. Nós já tínhamos os canais de e-mail, formulários, WhatsApp, só que agora intensificou a parte da comunicação. As reclamações, notificações, que antes eram feitas através do papel e entregues na portaria, foram 100% substituídas pelos meios eletrônicos”, detalha.
A plataforma otimiza também a vida do morador. Tem condomínio que liberou o uso da academia do prédio, mas com algumas regras. Uma delas é o agendamento do horário, para evitar aglomerações. A ferramenta também ajuda no 'debate' entre os vizinhos. Tudo o que está pra acontecer no condomínio vai pra tela, a página fica aberta por um prazo para que cada morador dê a sua opinião. Porém, nem todos os assuntos podem ser discutidos assim.
“Alguns assuntos, que precisam ser tratados em assembléia, nós estamos trazendo antes no aplicativo para já ter a discussão. Um dos condomínios pretende mudar a fachada. Esse é um assunto que precisa ser levado em assembléia com um quorum qualificado de dois terços de aprovação dos condôminos. O projeto já está pronto e nós estamos disponibilizando para os condôminos já irem se familiarizando, fazendo as suas perguntas, para quando passar a pandemia e for permitida a assembleia já tenha adiantado esse assunto”.
O advogado Caio Vano, especialista em direito imobiliário, explica que em momentos como esse, se adaptar à tecnologia é essencial, pois é preciso respeitar as medidas de isolamento sem prejudicar a vida dos moradores.
“As assembléias, primeira coisa, é o TJ, Tribunal de Justiça de São Paulo, estão proibindo as assembléias presenciais. Os assuntos, tem que ver no regulamento interno. Se o condomínio não tem proibição para a realização das assembléias virtuais. Não tendo essa proibição, você pode fazer as assembléias virtuais. Agora, o que nós recomendamos, é o condomínio que nunca fez uma assembléia virtual, que ele faça somente se for imprescindível, por exemplo, [para] eleição de novo síndico e prestação de contas. O sindico é o que representa o condomínio, se vencer o mandato, ele precisa ser eleito para ter sua representação no banco, Receita Federal”.
Fonte: https://g1.globo.com