Tem sempre um chinelo usado para um pé descalço, diz o ditado. Pois uma casa também. Pode não ser exatamente naquele bairro ou edifício encantado, com que você sonha - e imagina ter condições de pagar, ainda que com alguma dificuldade. Aquele apartamento vale hoje, dizem especialistas, 30% além do preço esperado. E, de cada dez pessoas que procuram imóvel, oito precisam se adaptar à situação atual e surreal de mercado. Mas que existe um imóvel em que você caiba, muita gente diz que sim.
É preciso andar com fé - e muito - pelas ruas e imobiliárias do Rio. É o que mostra a repórter Ystatille Freitas, em reportagem publicada no Morar Bem deste domingo.
Segundo o corretor Henrique Besdin, da Apogeu Imobiliária, o sonho é a grande barreira para a aquisição de um bem que muitas vezes está situado num bairro com grande potencial de valorização:
O comprador sai em busca "do" imóvel. Mas, com o mercado aquecido, para adquiri-lo será preciso pagar muito acima do esperado. No entanto, alguns já olham para outras regiões e encontram boas opções. É uma mudança às vezes dolorosa, mas que pode ter final feliz - analisa Besdin.
A gerente de vendas da imobiliária Fernandez Mera, Renata Vivarelli, também fala sobre a barreira imposta pelo sonho:
- Em geral, o comprador começa a procurar o imóvel que idealizou. E reluta. Só com o tempo, começa a cair em si e a adaptar o seu sonho à realidade. Mas isso não acontece de uma forma abrupta, é um processo lento.
A psicóloga Ana Lúcia Teixeira, ex-moradora de um conjugado em Copacabana, encontrou dificuldades para achar "o" imóvel de quarto e sala por R$ 200 mil na Zona Sul. Seu sonho era envelhecer na Princesinha do Mar. Após dois anos sem bons pretendentes, aceitou se mudar para um dois-quartos, com varanda, pagando menos 20%, ou seja R$ 160 mil. Mas no Maracanã.
- Eu não queria mais morar em um conjugado. Apesar de gostar muito de Copacabana, o desejo de ter um apartamento maior acabou falando mais alto. E foi uma boa escolha. Estou perto de amigos e do Maracanã, que é um ícone da cidade - avalia a flamenguista, que foi ao estádio apenas uma vez na vida, quando era criança, para assistir ao clássico Fla-Flu.
Fonte: http://oglobo.globo.com