Moradores do PAC da Rocinha e Complexo do Alemão vivem melhor
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
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Vida nova
Longe da mira do tráfico, moradores dos apartamentos do PAC da Rocinha e do Complexo do Alemão mudaram atitudes e capricham nos cuidados com suas casas
POR MAHOMED SAIGG
Longe da mira dos traficantes que controlavam a Rocinha e o Alemão, moradores que vivem nos apartamentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nessas favelas pacificadas ganharam casa e vida novas. Na primeira, chama a atenção o pátio cheio de plantas, ornamentado por moradores. Na comunidade da Zona Norte, grades no térreo lembram a preocupação com a segurança comum à classe média. Em ambos, o novo lar inspirou moradores a capricharem mais nos cuidados com o imóvel.
Durante duas semanas, equipe de O DIA visitou os prédios do PAC da Rocinha, Alemão e Manguinhos e constatou o contraste entre a vida nas duas primeiras, pacificadas, e a última, ainda sob o domínio de traficantes. Conforme reportagem publicada ontem, em Manguinhos, traficantes já tomaram pelo menos 12 imóveis e fecharam os corredores que dão acesso a eles com grades.
A mudança de hábitos é gritante na Rocinha. Lá, moradores de dois blocos espalharam vasos de plantas por todo o espaço que divide os prédios. Cercaram o local e transformaram-no em área de lazer de fazer inveja a condomínios do asfalto.
“Já que estamos tendo a oportunidade de viver com dignidade, num apartamento com água, luz, rede de esgoto e liberdade, temos a obrigação de cuidar”, ressaltou a operadora de caixa Aevilis Cunha, 22, que mora no bloco 8 e passa as manhãs no local com a filha Rebeca, de 6 meses.
Joel José da Silva, 45, paraplégico, se entusiasmou tanto com a nova casa adaptada às suas necessidades que se endividou para embelezá-la: trocou piso e a cor da parede e comprou TV de LCD de 42 polegadas: “Durante minha vida toda precisei que me colocassem nas costas para me levar até minha casa. Só agora pude realizar o sonho de entrar e sair sozinho da minha casa”.
A melhora na infraestrutura agregou preocupações diferentes também. “As primeiras contas de luz que chegaram eram de menos de R$ 10. Aos poucos foram aumentando e a última chegou a R$ 300. Mas estou tão feliz com minha casa nova, que não vou deixar isso tirar minha alegria”, garantiu Paulo Sérgio Gomes, 45 anos, que vai pedir a revisão do valor.
Mas nem tudo são flores na Rocinha. Antes da chegada da paz, sete apartamentos do PAC já não estavam na mão de seus moradores originais. Investiga-se se foram vendidos, alugados ou tomados por bandidos.
No Alemão, paz convive com a desconfiança
No Alemão, apesar da pacificação, a segurança ainda é o que mais preocupa os moradores. Lá foram eles que instalaram grades de aço na entrada dos edifícios à moda da classe média. Acostumados a décadas de opressão pelos bandidos, eles agora temem ação de ladrões e usuários de drogas que ainda frequentam o local.
“A gente tem medo porque, mesmo com a presença da polícia, imprevistos acontecem”, explica a aposentada Ilideia Goes de Oliveira, 65 anos, do bloco 22, que já gradeou a sala e um quarto.
Aos poucos, o capricho com a casa também se torna prioridade dos moradores. “Quem nunca se preocupou em consertar o vidro de uma janela ou pintar sua casa, agora faz isso. A gente fica com vergonha de deixar a casa suja”, garante o auxiliar de entrega Robervan Nogueira, 28, morador do bloco 3.
Enquanto a desconfiança ainda é marca registrada no Alemão, Ruth Jurberg já consegue traçar o perfil da população de cada comunidade beneficiada pelo PAC: “A Rocinha é a que tem a população mais esclarecida, se consideram moradores de um bairro, não de uma favela. Em Manguinhos, muitos nunca tiveram nem banheiro nos seus barracos”.
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