Como o condomínio deve fazer a prevenção à dengue
Explosão de casos no Brasil pode se agravar em 2025, após alta de 400%. Veja como síndicos, funcionários e moradores devem agir na prevenção à dengue

Com mais de 6,6 milhões de possíveis infectados e 6.041 mortes confirmadas, o Brasil atingiu um novo recorde histórico de casos de dengue em 2024, acumulando uma alta de 400% em comparação ao ano anterior.
Devido às mudanças climáticas, o verão de 2025 pode agravar a situação, acendendo um alerta para condomínios. A grande concentração de pessoas e diversidade de locais onde o mosquito transmissor da doença, Aedes Aegypti, pode se reproduzir tornam o ambiente propício para sua proliferação.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 75% dos focos da dengue estão nas residências. Por isso, é muito importante erradicar locais que concentrem água parada nas unidades, cuidar da piscina, tampar a caixa d'água e outras dicas que separamos mais abaixo.
Membro do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e assessor técnico do Laboratório Central do Estado da Bahia, o infectologista Antonio Carlos Bandeira destacou, em entrevista à Folha de São Paulo, que o pico da doença deve ocorrer de março a abril de 2025.
Desse modo, para te ajudar na prevenção à dengue, preparamos um conteúdo exclusivo para você aplicar no seu condomínio e conscientizar os condôminos e moradores. Boa leitura!
Qual a situação da dengue nos condomínios?
Com a proximidade do verão, mais precisamente de novembro a maio, a preocupação com o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya, volta a ser assunto nas assembleias e corredores dos condomínios.
Como esse inseto encontra na estação mais quente do ano a temperatura e umidade ideais para a sua reprodução, o risco de ser picado e contrair alguma das doenças transmitidas por ele são grandes.
"Esses dois fatores, juntos, contribuem para acelerar a proliferação do vetor da dengue, encurtando, inclusive, aquele período entre ovos e mosquito adulto. Ao intensificar a atividade biológica do mosquito, nós temos um maior número de pessoas sendo infectadas", explica o secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Rivaldo Cunha.
Soma-se a isso o fato de que há quatro variantes do vírus causador da dengue em circulação no Brasil e os inseticidas já não têm a mesma eficácia para controle do mosquito transmissor.
De acordo com um estudo publicado na revista científica "Parasites & Vectors", realizado conjuntamente por pesquisadores brasileiros e argentinos, mutações genéticas tornaram uma parte dos insetos resistentes aos compostos dos produtos, ressaltando a importância de eliminar o vetor ainda na fase das larvas.
E as áreas comuns e privativas dos condomínios podem ser focos do Aedes. Por isso, é importante que os síndicos, funcionários e moradores estejam atentos para a prevenção à dengue no empreendimento.
Nesse sentido, cabe ao síndico instaurar vistorias periódicas e cuidar da limpeza de locais que possam ter acúmulo de água, como jardins, piscinas, lajes, calhas e fosso do elevador.
Além de fazer campanhas de conscientização com os moradores para eliminarem os possíveis focos dentro dos apartamentos.
Qual o papel do síndico na prevenção à dengue?
Como dito, é o síndico quem deve cuidar das áreas comuns e da conscientização dos moradores para com as áreas privativas. Além disso, cabe a ele pensar em ações recorrentes durante todo o ano e intensificar as comunicações e vistorias nos meses de muito calor.
Trabalhando de forma anual, fica mais fácil criar o hábito da prevenção junto aos moradores e isso perpetuar durante os períodos de maior incidência da doença.
Além disso, cabe ao síndico reforçar os cronogramas de limpeza e higienização das áreas comuns e até mesmo vistoriar o entorno do condomínio.
Por exemplo, se o condomínio fica próximo a terrenos baldios, e os focos de água parada são vistos a olho nu, o síndico deve acionar a prefeitura para que sejam tomadas as devidas providências.
Outra atribuição do síndico na prevenção da dengue é fazer uma escala de vistoria para o zelador do condomínio cumprir diariamente. Com as chuvas de verão, é normal o acúmulo de água em calhas, lajes, pneus, vasos de plantas e objetos desprotegidos nas áreas de circulação ou jardins. E, caso não haja uma limpeza adequada, eles se tornam criadouros de mosquitos.
Até porque, o que muitos não sabem, é que os ovos do Aedes Aegypti podem hibernar por anos, até encontrar condições ideais para eclodir, preferindo o período de calor e umidade para isso.
Desse modo, o mosquito transmissor vive até 35 dias e, ao longo de sua vida, normalmente não percorre mais de 600 metros. Por isso, é importante fazer uma campanha anual e prezar pela limpeza dos locais.
Se seus colaboradores não sabem exatamente como eliminar os focos dos mosquitos, nos meses de mais incidência, contrate uma empresa especializada nesse tipo de trabalho. Com os treinamentos e produtos certos, o mosquito vai passar longo do seu condomínio.
No vídeo abaixo, o advogado Fernando Zito detalha também as orientações legais caso funcionários e moradores sejam infectados pela dengue. Veja:
Quais são os cuidados com as áreas comuns do condomínio?
Para evitar que as áreas comuns do condomínio virem foco de dengue, separamos abaixo algumas dicas. São elas:
- Usar uma tela de nylon nos ralos externos e canaletas de drenagens para água da chuvas;
- Colocar um pouco de sal em volta dos ralos externos semanalmente;
- Colocar tampa abre-e-fecha ou tela de nylon nos ralos internos de esgoto;
- Manter o escoamento de água desobstruído nas lajes e marquises e conferir se as depressões não permitem o acúmulo de água, eliminando eventuais poças após cada chuva;
- Manter as calhas sempre limpas e sem pontos de acúmulo de água;
- Verificar semanalmente se existe acúmulo de água nos fossos do elevador. Caso esteja, providencie o escoamento por bombeamento;
- Manter os vasos sanitários sem uso diário sempre tampados e acionando a descarga semanalmente. Caso eles não possuam tampa, vedar com saco plástico aderido com fita adesiva. Se não for possível a vedação, acione a válvula semanalmente, adicionando a seguir duas colheres de sopa de sal;
- Tampar as caixas de descarga sem tampa e sem uso diário com filme plástico ou saco plástico com fita adesiva;
- Substituir a água de pratos e pingadeiras de vasos de plantas por areia grossa, até a borda;
- Manter as caixas d 'água vedadas (sem frestas) e seguir o cronograma periódico de limpeza;
- Tratar a água das piscinas com a quantidade adequada diariamente. Já piscinas sem uso frequente, reduza o máximo possível do volume de água e aplique, semanalmente, cloro na dosagem certa;
- Colocar os recipientes descartáveis em sacos de lixo e disponibilizá-los para coleta rotineira da limpeza pública;
- Manter as lixeiras do condomínio bem fechadas;
- Substitua as bromélias por outro tipo de planta que não acumule água. Caso não seja possível a substituição, regue a planta abundantemente com mangueira sob pressão, duas vezes por semana.
Com medidas simples, o seu condomínio estará protegendo a saúde dos funcionários e moradores, contribuindo para o controle da dengue da sua cidade!
Vale ressaltar também que, em muitos municípios, a Vigilância Sanitária efetua vistorias nos condomínios, com possibilidade de aplicação de multas quando observadas irregularidades que possibilitem a proliferação do mosquito transmissor.
Por isso, mão na massa para eliminar os focos!
Quais os cuidados com as áreas privativas?
Além dos cuidados que citamos acima, Rivaldo Cunha aconselha a dedicação de ao menos 10 minutos para cuidar dos domicílios. Nas áreas privativas do apartamentos ou casas do condomínio, o recomendado é:
- Furar os pratos das plantas ou preenchê-los com areia até a borda;
- Verificar sempre se não há água parada nas esquadrias e canaletas das janelas;
- Não deixar itens que possam acumular água na sacada;
- Manter as vasilhas de comida e água dos pets sempre limpas;
- Colocar uma tampa abre e fecha nos ralos interno e de esgoto em toda a unidade;
- Jogar no lixo todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas, latas, copos, garrafas vazias e outros;
- Observar se a bandeja do ar-condicionado não está acumulando água por mais de dois dias;
- Após lavar o carro na garagem ou limpar outros itens no espaço, certifique-se de que não ficou nenhuma poça de água;
- Quem for viajar ou se ausentar de sua residência por um período maior deve adotar os cuidados recomendados antes de sair de casa, eliminando imediatamente potenciais focos da doença.
O SíndicoNet compilou as principais dicas de prevenção à dengue em condomínios num banner para download gratuito, facilitando o compartilhamento com moradores. Baixe aqui!
Vacina contra dengue: o que você precisa saber
Desde 2024, a vacina contra dengue foi incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, com foco na faixa etária de 10 a 14 anos de idade, mais suscetível à contaminação. Também disponível na rede privada de saúde para pessoas de 4 a 60 anos, ela é aplicada em duas doses e pode custar a partir de R$ 350.
O imunizante não é recomendado para grávidas, lactantes, imunodeprimidos, alérgicos aos componentes da vacina e aqueles que apresentarem febre ou doença aguda no dia da aplicação. Dor de cabeça, febre, tontura e náusea são algumas das possíveis reações.
Apesar de mais de 6 milhões de doses já terem sido distribuídas e outras 9,5 milhões adquiridas para 2025 pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a adesão à campanha tem sido baixa, contribuindo para que os índices da doença continuem elevados.
Outro desafio é conseguir a quantidade de vacinas necessárias para ampliar o público-alvo. Atualmente, apenas o imunizante japonês Qdenga é administrado no Brasil, mas uma alternativa já foi desenvolvida pelo Instituto Butantan e deve ter a solicitação de registro analisada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda este ano.
Cartilha para evitar a proliferação do mosquito da dengue
Para fazer da prevenção à dengue uma ação eficaz, o recomendado é, além de fazer a limpeza e manutenção das áreas externas e privativas, investir em campanhas internas de conscientização, através das cartilhas para moradores.
Com uma cartilha cheia de orientações para a comunidade, tanto para evitar a doença quanto para identificá-la, fica mais fácil manter a vigilância dentro e fora dos apartamentos ou casas do condomínio.
Desse modo, o recomendado é criar uma cartilha com as dicas e exemplos de como eliminar os focos listadas nesta matéria. Assim, compartilhe-a no grupo de WhatsApp do condomínio ou distribua uma cópia impressa para cada morador e funcionário.
Além disso, afixe nos corredores e pontos de circulação de pessoas cartazes com medidas preventivas e deixe bem claro que o morador que não seguir as regras, será advertido e, caso insista em não adotar as medidas, será multado.
Orientá-los sobre os principais sintomas da dengue também é essencial para que procurem auxílio médico e alertem a vizinhança, caso o diagnóstico venha a ser confirmado. São eles: febre alta repentina, dor no corpo e atrás dos olhos, manchas avermelhadas na pele e dor de cabeça.
Na forma mais grave da doença, conhecida como dengue hemorrágica, é comum apresentar também fortes dores no abdômen, vômitos e sangramentos nas mucosas. Geralmente desenvolvido por pessoas que já foram infectadas anteriormente, o quadro alcançou um índice de letalidade de 5,77 em 2024.
Vale lembrar que quem contrai a doença também pode enfrentar sequelas como desidratação e problemas respiratórios, portanto, fazer a prevenção da dengue é importante e necessária. Não deixe esse assunto de lado e lembre-se de repetir a campanha todo ano.
E se quiser já contar com um material de conscientização pronto para seu empreendimento, faça o download gratuito do nosso cartaz contra a dengue!
Fontes consultadas: Ministério da Saúde;