Banco digital para condomínio: como funciona e por que usar
O banco digital para condomínio apresenta benefícios a começar pelo fato de ser dedicado a este segmento. Além disso, o modelo digital permite ao síndico ter mais controle em tempo real, mais eficiência e economia anual que pode ir de R$ 2,5 mil até R$ 20 mil

As chamadas fintechs já estão presentes em vários setores de atuação, facilitando a vida de muitas pessoas e empreendedores. Inclusive o mercado condominial, segmento que movimenta bilhões de reais por ano - só na cidade de São Paulo, essa cifra é de R$ 25 bilhões (Mapa dos Condomínios 2025/Data Lello). E dentre as soluções das fintechs, está o banco digital para condomínio.
As questões que pairam a mente de muitos síndicos, moradores e administradoras são: como funciona um banco digital e a conta digital? Será que esse modelo realmente é seguro e oferece benefícios para todos os envolvidos - fintech, síndicos, administradoras e moradores?
É o que vamos explorar neste conteúdo. Confira a seguir!
O que é um banco digital?
O banco digital é uma fintech que presta serviços financeiros. Ou seja, uma empresa de tecnologia que pode atuar como correspondente bancário ou instituição financeira e executa suas atividades de forma 100% online.
Isso faz com que os clientes tenham vários benefícios, como a isenção de algumas tarifas e custos. Além disso, as mesmas atividades de uma instituição financeira tradicional podem ser oferecidas pelos bancos digitais. Por exemplo:
- Abertura de conta;
- Contratação de empréstimos;
- Solicitação de cartões de débito e crédito;
- Pagamento de contas e boletos;
- Envio e recebimento de transferências de dinheiro;
- Atendimento ao cliente.
Rodrigo Della Rocca, CEO do CondoConta, um dos principais bancos exclusivos para condomínios do país, comenta:
“A tecnologia bancária evoluiu para resolver dores específicas. O modelo digital permite que o síndico tenha controle em tempo real, com menos custos e mais eficiência.”
Fundado em 2020, o CondoConta tem mais de 13 mil condomínios clientes, com 750 mil condôminos, e mais de 690 administradoras parceiras.
Como o banco digital para condomínio funciona?
Todo banco digital funciona de maneira semelhante. O que muda são os serviços oferecidos. No caso das fintechs que disponibilizam conta digital para condomínio, a diferença está justamente no foco nesse setor. Portanto, os serviços são adequados às suas demandas.
Além da conta corrente, outros serviços específicos para condomínios são oferecidos:
- Automação de boletos em lote, com possibilidade de receber via cartão de crédito;
- Prestação de contas em tempo real;
- Crédito para financiamentos;
- Cobertura de inadimplência;
- Seguros;
- Antecipação da taxa condominial (receita garantida);
- Integração com ERP da administradora (sistemas de gestão condominial).
Uma característica dos bancos digitais é que todas as operações são feitas via digital. Portanto, você não precisa comparecer a uma agência física. Mais do que isso, todas as suas aplicações e contas ficam disponíveis em um mesmo painel. Dessa forma, o gerenciamento dos valores é facilitado.
Rodrigo, do CondoConta, acrescenta:
“A integração com sistemas de gestão condominial (ERPs) é um divisor de águas. Isso elimina retrabalho e traz mais segurança para administradoras e síndicos.”
Como abrir uma conta bancária para condomínio?
A abertura de uma conta corrente para o condomínio exige que o regulamento interno esteja devidamente registrado. Além desse documento, é preciso apresentar:
- CNPJ do condomínio;
- Ata assinada comprovando a eleição do síndico, que é o responsável legal pelo empreendimento;
- Documentos pessoais dos responsáveis pela conta.
Essas exigências podem mudar de uma instituição financeira ou fintech para outra. De toda forma, a conta digital tende a ser mais fácil de abrir e menos burocrática.
Como abrir uma conta digital para condomínio?
O procedimento de abertura da conta depende da fintech. De modo geral, o processo é isento de burocracia e realizado da seguinte forma:
- Download de um aplicativo;
- Cadastro no app, com envio da documentação exigida, como visto no item anterior, por meio de arquivos de imagem;
- Análise de documentação e autorização, com liberação para uso da conta digital pelo condomínio.
Como funcionam os bancos digitais para condomínios?
Dentre as fintechs com serviços financeiros voltados a condomínios, há soluções específicas oferecidas por bancos condominiais, que nasceram com foco total nas rotinas de síndicos e administradoras.
O funcionamento é semelhante ao de uma instituição financeira tradicional. Porém, os recursos são pensados para o dia a dia da gestão condominial.
A abertura e a movimentação da conta digital para condomínio são feitas pela internet. Além disso, é possível:
- prestação de contas em tempo real;
- aprovação de despesas online pelos responsáveis legais com mais agilidade pelo app;
- conciliação automática de lançamentos e pagamentos;
- liquidez imediata: pagamento de boletos e transferências com D+0, garantindo mais previsibilidade;
- obtenção de notas fiscais automaticamente, com busca das NFs emitidas para o condomínio, associando aos lançamentos para pagamento;
- eliminação de malotes e custos com transportes, por meio da digitalização e envio de documentos e despesas por aplicativo integrado à conta digital;
- possibilidade de receber pagamentos via Pix com compensação no mesmo dia;
- aplicação do fundo de reserva com rendimento de 100% do CDI, indicador que acompanha de perto a Selic. Em outras palavras, o dinheiro do condomínio não fica parado.
Leia: Como investir o fundo de reserva do condomínio
"O ‘bancão’ não é feito para condomínio. Lá, o síndico é só mais um CNPJ. Ele não tem apoio, não tem estrutura. A Superlógica, por exemplo, oferece a conta digital que é feita para resolver os problemas de verdade, com controle, automação e agilidade. Quando você junta conta, ERP, e todo um ecossistema, você entrega mais que uma conta: você entrega inteligência de gestão, você resolve o dia a dia", diz André Hirata, diretor de Banking da Superlógica.
A empresa tem 18 mil condomínios utilizando o serviço de conta digital. Segundo a Head de Banking Anne Akemi Higuchi, a conta oferece produtos como carteira pix para despesas do dia a dia, conta rendimento para fundos de reserva e emergências.
"E ainda resolve dores como as taxas bancárias que drenam o caixa do condomínio sem que o síndico perceba", diz a executiva.
Como no caso de Domichelica Armentano, síndica profissional da SOS Condomínios e sócia da Advanced Síndicos Profissionais. Em sua carteira, ela atende 17 condomínios, entre populares e de médio padrão, com contas digitais no CondoConta e na Superlógica.
"Nos bancos digitais, os pagamentos podem ser feitos por pix, cartão de crédito ou boletos. Não cobram taxa de registro e a baixa normalmente é mais rápida", elogia a síndica.
Isenção de tarifas pode gerar economia anual de até R$ 20 mil
E as vantagens não param por aí. Não há custo para manter a conta ativa, o que gera economia significativa a longo prazo.
Em uma simulação para um prédio de 50 unidades habitacionais, considerado o padrão brasileiro de médio porte, o CondoConta estima que gere uma economia direta de cerca de R$ 5 mil anuais, só com isenção de tarifas bancárias.
O administrador e engenheiro civil Leonardo Almeida, sócio da Aloe Administradora de Condomínios, é adepto dos bancos digitais desde o início da operação da empresa, há cinco anos. A própria administradora usa banco digital para o negócio, não apenas para atendimento aos condomínios clientes.
Com exceção de apenas dois condomínios que preferiram manter conta em banco tradicional, o restante da carteira com 78 condominios está dividida entre Banco Inter e CondoConta.
"A isenção de taxas é um dos principais atrativos, principalmente para os condomínios pequenos, mas todos os condomínios buscam economizar. Temos condomínios de menor porte cuja economia com taxas representa 40% do que paga para administradora, e nos maiores, 10%", explica. Leonardo calcula cerca de R$ 2.500 de economia anual para os empreendimentos de perfil menor.
Em um condomínio com 400 unidades em que Domichelica é síndica, foi possível economizar por ano R$ 12 mil, apenas considerando os R$ 2,50 de taxa de registro de boleto.
A estimativa média de economia anual por condomínio que tem conta digital na Superlógica é de aproximadamente R$ 20 mil, considerando tarifas comuns como manutenção mensal da conta, envio de TEDs e Pix, além de outras cobranças frequentes em bancos tradicionais para contas PJ.
Quais as diferenças dos bancos digitais para os tradicionais?
A grande mudança fica por conta da utilização dos serviços. Enquanto os bancos tradicionais têm agências físicas proporcionando atendimento e serviços presencialmente, os digitais realizam todas as atividades online.
Por um lado, isso representa mais praticidade e isenção de tarifas. Ou seja, ter uma conta digital é mais econômico. Ao mesmo tempo, menos serviços podem ser oferecidos no banco digital e o atendimento é exclusivamente por canais digitais.
Dessa forma, é importante ponderar e fazer uma análise para escolher a melhor alternativa para a realidade do seu condomínio.
Quais são as vantagens e desvantagens da conta digital para condomínio?
Existem vários benefícios em usar uma conta digital para condomínio, como já pudemos ver alguns exemplos até aqui. Para começar, é possível contar com serviços personalizados, oferecidos por bancos exclusivos para condomínios. Assim, o atendimento às necessidades de síndicos e administradoras se torna mais eficiente.
Vantagens
- Funcionamento exclusivamente online;
- Isenção de tarifas bancárias;
- Praticidade e rapidez nas transações;
- Redução da burocracia;
- Aplicações automáticas com rendimento diário.
Na experiência do administrador Leonardo Almeida com os bancos digitais, os pontos altos são processos mais fáceis, mais velocidade e visual amigável.
"É muito intuitivo, a usabilidade é muito melhor. O banco digital sabe que se não tiver um sistema tecnológico bom, o cliente não tem para onde ir (agência física) para resolver."
Outras vantanges percebidas por ele é visualizar diariamente a posição de investimentos e a simplicidade para o usuário master criar outros usuários com diferentes níveis de acesso (ex: subsíndico, conselheiros) sem perder a segurança.
"Em um banco tradicional, é mais burocrático e arcaico, sendo necessário telefonar na agência para colher aprovação. E no processo de aprovação de pagamento de contas, o síndico permite que a administradora programe os pagamentos, mas é ele quem autoriza."
Em banco tradicional, o sistema é o mesmo, porém, a depender da plataforma da instituição, há problemas de usabilidade e é maior o grau de dificuldade para o síndico localizar as atividades dentro do sistema.
Desvantagens
- Atendimento mais demorado em alguns casos devido à ausência de agência física;
- Leque de serviços menor;
- Estrutura menor, o que pode causar desconfiança para algumas operações;
- Alta dependência da tecnologia.
Leonardo Almeida conta que a maioria dos condomínios foi resistente ao banco digital num primeiro momento por não haver agência física. “Se tiver problema, com quem eu falo? Não tem um gerente na agência para ir conversar pessoalmente?” foram os questionamentos mais comuns.
"Em geral, são síndicos mais velhos ou que já sofreram golpe no passado, e desconfiam da administradora controlar tudo de forma online", explica.
Quando os bancos digitais são indicados para condomínios?
A conta em um banco digital é recomendada quando o condomínio deseja mais praticidade e serviços especializados para seu setor. Além disso, essa é uma forma de reduzir a burocracia e facilitar o acesso a recursos específicos que ajudam na gestão das entradas e saídas de caixa, sem contar a economia com isenção de tarifas.
Assim, em vez de ter uma conta generalista para pessoa jurídica, o síndico ou a administradora conta com uma solução pensada para sua realidade. Isso facilita o controle de inadimplência, a emissão de boletos, a prestação de contas e a rentabilização do fundo de reserva.
Tanto a síndica profissional Domichelica quanto o administrador Leonardo experimentaram a praticidade da contratação, via conta digital, do serviço de Receita Garantida em condomínios com problemas de inadimplência mais elevado.
"Já implantei em um condomínio com 56 unidades em que 8% das unidades estavam sem pagar a cota condominial há mais de 12 meses. A proposta foi mais acessível, agilizando a aprovação por parte do condomínio", conta Leonardo Almeida.
Como reforça Rodrigo Della Rocca:
“Com um banco condominial, o condomínio passa a operar com a agilidade que o dia a dia exige, sem abrir mão da segurança ou da transparência.”
De toda forma, sempre é preciso fazer uma boa análise e verificar o melhor custo-benefício. Assim, o condomínio chega à decisão mais acertada, que ajudará não só a economizar, mas ir ao encontro da alternativa que suprirá todas as suas demandas.
E, para tomar as melhores decisões relacionadas à administração do condomínio, veja a seguir como fazer a movimentação financeira do condomínio.
Fontes consultadas: Rodrigo Della Rocca (CondoConta), André Hirata (Superlógica), Anne Akemi Higuchi (Superlógica), Domichelica Armentano (síndica profissional), Leonardo Almeida (Aloe Administradora), Data Lello.