Intoxicação por gás
RJ: Morte de mãe e filha reforça importância da autovistoria predial
O recente caso que culminou nas mortes da modelo Lidiane Lourenço e da filha, Miana Santos, em um apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste, no último dia 9 de outubro, reacendeu o alerta sobre a importância da autovistoria predial.
O laudo da Polícia Civil confirmou que mãe e filha foram intoxicadas por monóxido de carbono, resultado de irregularidades nas instalações de gás do imóvel.
Segundo o delegado Neilson Nogueira, durante o exame de necrópsia, foi possível verificar sinais na pele com coloração vermelho-cereja, característica típica de intoxicação por esse composto. "Além disso, realizamos uma perícia complementar no apartamento para verificar o funcionamento do gás e constatamos irregularidades na instalação, além de vazamento no interior do banheiro", completou.
O episódio evidencia o quanto inspeções preventivas podem ser decisivas para evitar acidentes fatais.
Segundo David Gurevitz, diretor do Grupo Delphi, engenheiro e especialista em manutenção predial, a autovistoria é uma ferramenta indispensável para a segurança das edificações.
“É fundamental que os condomínios estejam com a autovistoria em dia em suas instalações. As inspeções frequentemente identificam rachaduras, vazamentos ou problemas nos sistemas de gás, elétrico e de prevenção de incêndio, que podem colocar vidas em risco”, explica o engenheiro.
Prevista pela Lei Complementar nº 126/2013, junto com a Lei Estadual nº 6.400/2013, a autovistoria deve ser realizada por engenheiros ou arquitetos credenciados, que avaliam as condições de conservação, estabilidade e segurança de edifícios residenciais, comerciais e mistos.
Durante a vistoria, são identificadas falhas estruturais e problemas em sistemas críticos, como instalações de gás, elétricas e hidráulicas, além de elementos de prevenção e combate a incêndios.
Gurevitz ressalta que a manutenção preventiva é o caminho mais eficaz para evitar tragédias: “A vistoria não deve ser vista como uma obrigação burocrática, mas como um investimento em segurança. Manter as edificações em boas condições é proteger vidas e preservar o patrimônio coletivo.”
Além de atender às exigências legais, a autovistoria ajuda a prolongar a vida útil das edificações, reduz os custos com emergências e contribui para um ambiente urbano mais seguro e sustentável.
Suspeita de invasão ao apartamento
Além da dor pela perda, os familiares de Lidiane e Miana agora enfrentam outra preocupação: suspeitam que o apartamento possa ter sido invadido após a retirada dos corpos. Durante entrevista ao Domingo Espetacular, exibida no domingo (26), eles relataram detalhes que reforçam essa suspeita.
"Quando cheguei, só havia umas fitas e a porta estava apenas encostada. Eu empurrei e ela abriu. Achei estranho, porque a Lidiane, nessa parte, era bem rígida", relatou o irmão da modelo, Andrei Lorenço.
Imagens do interior do apartamento mostram desordem que não condiz com os hábitos da modelo e da filha. Na sala, um saco preto foi deixado no chão e uma sacola de papel em frente à planta. Fotos e documentos estavam sobre o sofá, onde a jovem Miana foi encontrada morta.
A louça espalhada sobre a mesa também chamou a atenção de Andrei. "Não era algo que ela faria. Ela tinha um toc de limpeza, e a Sophia também herdou isso dela", afirmou.
A irmã Renata Lorenço reforçou que a modelo era muito organizada. "O apartamento estava todo bagunçado. Queremos respostas sobre quem fez isso", disse.
Andrei também questiona o desaparecimento das joias que a irmã usava. Segundo ele, Lidiane utilizava colar e brincos quando foi encontrada, mas os itens não foram localizados. "Ela nunca tirava o colar e os brincos", afirmou. Lidiane tinha o hábito de investir em joias e sonhava em comprar um apartamento próprio.