Vizinhos de prédio no RJ onde houve explosão reclamam de mosquitos
Nos escombros do restaurante Filé Carioca uma poça de água se formou.
Pouco mais de dois meses após a explosão no restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, no Centro do Rio, moradores de prédios vizinhos reclamam da água parada nos escombros do local, que provoca mau cheiro e atrai mosquitos.
A explosão, no dia 13 de outubro, deixou quatro mortos e 16 feridos.
No prédio número 7 da Rua Pedro I, as janelas dão para os fundos do Edifício Riqueza, onde ficava o restaurante, e tanto moradores como funcionários de empresas no prédio reclamam que, depois da explosão, as obras estão paradas e os mosquitos proliferam numa poça de água parada que se formou nos escombros.
Na portaria, a raquete mata-mosquitos é acessório fundamental para o porteiro José Jacob Sobrinho, que trabalha no local há dois anos.
"Trabalho das 19h às 7h e a noite inteira fico matando mosquitos com a raquete, além de usar inseticidas", disse ele, explicando que antes da explosão no Filé Carioca isso não acontecia.
A Secretaria municipal de Saúde informou por sua assessoria que em prédios e obras comerciais a responsabilidade pelos possíveis focos de mosquitos é dos proprietários e dos responsáveis pelas obras. A secretaria informou ainda que mandará uma equipe ao local para uma vistoria e orientar os responsáveis pela obra. Leia a íntegra da nota no final desta reportagem.
No Edifício Riqueza, tapumes cobrem a área onde houve a explosão e o porteiro, que não quis se identificar, disse que o prédio está vazio e que o síndico não daria informações.
Angélica Moscoso, assistente de administração de uma firma de prestação de servicos que fica no quarto andar do prédio, contou que, desde a explosão, a obra no Edifício Riqueza está parada e a água acumula no térreo. Segundo falou, na semana passada tinha muita água empoçada e era grande o mau cheiro.
"Passou a ter muito mosquito depois da explosão. A gente fica com medo da dengue", disse ela.
Um morador que não quis se identificar disse que a situação dos mosquitos é similar a uma infestação.
"Nunca teve disso por aqui. Começou depois da explosão e agora está demais. Quem trabalha no prédio tem mais sorte, pois vai embora às 18h e fica menos tempo exposto aos mosquitos. Já o morador tem que aguentar isso 24 horas por dia", contou.
Condôminos se reunirão
Dois meses após a explosão, os proprietários das salas comerciais do prédio querem saber como está o andamento das obras e quando poderão voltar às suas salas. Eles se reúnem na sexta-feira (16) para discutir o assunto.
A Escola de Papai Noel do Brasil foi uma das empresas prejudicadas. Ela funcionava no prédio desde sua criação, em 1993. Limachem Cherem, fundador e diretor da escola, vem amargando prejuízo pois é no fim de ano que a escola tem maior movimento.
“Meu carro é agora meu escritório ambulante, cheio de papéis e roupas de Papai Noel. Sou obrigado a atender os Bons Velhinhos nos shoppings. Essa situação não pode ficar eternamente indefinida", explicou Cherem, que faz parte da diretoria da Associação Cultural e Comercial da Praça Tiradentes.
Nota da secretaria na íntegra
"A Secretaria Municipal Saúde e Defesa Civil (SMSDC) realiza ações de combate à dengue no município de forma permanente, com inspeção dos agentes de saúde, mutirões e ações educativas. Além do trabalho residencial de rotina, há inspeções com intervalos mais curtos entre as vistorias em pontos considerados estratégicos, como terrenos baldios, canteiros de obras públicas, cemitérios, ferros-velhos etc.
Sobre obras privadas, existe uma portaria específica da Secretaria de Obras, baseada no Decreto 34.377, de 31 de agosto de 2011, que institui o Estado de Alerta Contra a Dengue, com medidas a serem tomadas pelas construtoras e responsáveis pelas intervenções. Desta forma, cabe aos responsáveis pelas obras fazer o monitoramento e controle das ações de prevenção contra a dengue, sob o risco de ser multado ou ter a obra embargada.
A secretaria informa ainda que enviará uma equipe ao local para realizar uma vistoria e orientar os responsáveis pela obra.
A população pode denunciar a presença de focos do mosquito por meio da central de atendimento da Prefeitura, no telefone 1746."
Dez denunciados
Em novembro, o Ministério Público denunciou dez pessoas pela explosão ocorrida no restaurante Filé Carioca. O delegado Antonio Bonfim, da 5ª DP (Mem de Sá), responsável pelo inquérito, explicou que no entendimento do MP, os denunciadas são acusados de expor a perigo a vida e a integridade física de pessoas mediante explosão.
Este tipo de crime tem pena de 1 a 4 anos de prisão. No entanto, segundo o delegado, a pena pode ser multiplicada, já que houve quatro mortes.
No acidente ocorrido em 13 de outubro, quatro pessoas morreram, entre elas três funcionários, e 16 ficaram feridas. Segundo a polícia, a explosão no restaurante foi provocada por um vazamento de gás, mas o uso de cilindros ou botijões de gás no local era proibido.
Câmera registra explosão
Uma câmera de monitoramento da prefeitura registrou o exato momento da explosão. Nas imagens é possível ver algumas pessoas paradas do lado de fora do prédio e um pedestre, que passa em frente ao local, quando ocorre a explosão.
Câmeras de segurança instaladas no estacionamento do hotel vizinho ao Edifício Riqueza, no Centro do Rio, onde funcionava o restaurante, também registraram o acidente.
Fonte: http://g1.globo.com/
Matérias recomendadas