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Manutenção

80 horas sem luz

SP: Agente da Enel foi 'sequestrado' para religar energia de prédio

quinta-feira, 9 de novembro de 2023
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Princípio de incêndio, oferta de propina e 'sequestro' de equipe da Enel: a saga dos moradores de prédio que ficou 80h sem luz em SP

Moradores de uma das torres do Condomínio In Trianon, no Jd. Ibitirama, Zona Leste, ficaram quatro dias no escuro. Energia só foi retomada após condôminos reterem caminhão da Enel, com protesto que fechou a Av. do Estado na segunda (6) e presença da polícia. 'Ninguém tem mais psicológico para nada', disse morador.

Entre tantos casos de falta de energia na cidade de São Paulo, a história de um edifício dentro do Condomínio In Trianon, na região da Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo, chama a atenção pelo sufoco enfrentado pelos moradores nos últimos quatro dias.

O prédio na Av. Dr. Francisco Mesquita, no Jd. Ibitirama, ficou sem luz da tarde de sexta-feira (3) até a noite de segunda (6), mesmo com as outras três torres do condomínio e o restante da vizinhança com a energia restabelecida desde sábado (4), dia seguinte ao temporal.

Durante as 80 horas sem luz, os moradores enfrentaram um princípio de incêndio gerado por uma vela, subiram 18 andares com baldes na cabeça para tomar banho e dar descarga nos banheiros e brigaram entre si para pagar propina de R$ 3 mil a um ‘"especialista’"- que se apresentou como suposto funcionário da Enel e se dizia pronto para resolver o problema.

A energia só foi retomada no prédio na noite de segunda (6), após cerca de 40 moradores terem fechado a Avenida do Estado, bem em frente, com pneus e ‘sequestrado’ uma equipe de técnicos da concessionária, até que o problema fosse resolvido.

"A gente fechou um lado da avenida que moramos. Foram inúmeros chamados feitos para a Enel atender a gente. São quatro prédios no mesmo local, eles resolveram o problema de três em 10 minutos e o nosso ficou no escuro por quatro dias. Quando vimos o carro da Enel e o cara disse que iria resolver o problema de um apartamento, o pessoal que estava na portaria segurou ele. O restante dos moradores foi descendo e quem estava chegando do trabalho também parou", afirmou o morador Clóvis Gomes de Andrade, de 45 anos.

"O problema era só ligar a chave do transformador. Ficamos quatro dias esperando por isso, então, bateu uma revolta. Tem muita criança no condomínio, recém-nascido, cadeirantes e idosos que ficaram nessa situação absurda", completou.

Segundo o publicitário Anderson Oliveira, de 41 anos, os transtornos começaram já na sexta (3), quando as luzes de emergência das escadas não funcionaram durante o apagão.

A penumbra para subir e descer 18 andares de escada anunciava que não seria fácil a vida dos moradores do prédio, caso a energia não voltasse logo.

Na tarde do sábado (4), quando o resto do bairro já estava com o abastecimento normalizado, a vizinhança sentiu que algo estava errado. A epopeia foi narrada por Anderson nas redes sociais.

"Quando a vizinhança toda estava com luz e a gente não, logo sacamos que o problema não estava em uma árvore que caiu por perto. A própria administradora informou que poderia ser um problema da rede do prédio, que é diferente das outras torres. Mas no meio de tanta ocorrência na cidade, nosso problema deve ter se perdido na Enel, ou não tratado como prioridade. Os dias foram passando, a luz não voltava", disse o publicitário.

Por causa da falta de energia, a água não bombeava para os apartamentos e, para tomar banho e dar descarga, era preciso ir ao térreo buscar os baldes cheios, nos demais prédios. E subir tudo de escada, lembra o morador.

"É um prédio com muitos idosos e gente de mobilidade reduzida. Imagina subir 18 andares com balde na cabeça e só a lanterna do celular para enxergar os degraus?", comentou Oliveira.

Para assustar ainda mais os moradores na penumbra, na madrugada de sábado (4) para domingo (5), a vizinhança do Condomínio Trianon foi toda acordada com uma mulher gritando que um dos apartamentos estava em chamas.

Princípio de incêndio

Quem gritava era a esposa do Clóvis Gomes de Andrade. Eles estavam na sala do apartamento quando perceberam que uma fumaça preta saía de um dos apartamentos. Ninguém se feriu.

“Minha esposa saiu gritando que estava pegando fogo no apartamento. Como a porta estava aberta, um dos vizinhos conseguiu entrar e apagou o princípio de incêndio causado por uma vela. Não sabemos onde a pessoa estava, suspeitamos que tinha descido do apartamento para pegar água”, afirmou.

"O vizinho que apagou o incêndio só saiu do local e disse que estava tudo bem. O sinal de celular estava ruim, então até dificuldade de ligar para o Corpo de Bombeiros a gente teve", completou.

Tomando banho de caneco

Com a falta de energia, assim como muitas outras famílias em São Paulo, Clóvis perdeu alimentos e encontrou muitas dificuldades para tomar banho nos três dias.

A solução encontrada foi justamente encher baldes com água de uma das torres do condomínio, que estava com energia, e levar para cada apartamento.

"Eu moro no segundo andar, então para a gente foi mais fácil tomar banho de caneca. Tínhamos mais facilidade para descer e subir as escadas. Celular e lanternas de emergência a gente ia no shopping próximo ao condomínio carregar", contou Clóvis.

Morte da cachorra

Durante os três dias sem energia, Clóvis também perdeu seu animal de estimação. O casal tinha uma cadela, de 12 anos, que já estava debilitada.

"Ela adoeceu e estávamos tentando descobrir a causa. A falta de energia acabou prejudicando o contato com a veterinária que estava cuidando dela. Nesse piora, tivemos que sacrificá-la e, isso foi feito aqui em casa mesmo", afirmou.

A veterinária do animal de Clóvis geralmente atendia na casa dele.

"Estou sem carro e nem todo aplicativo aceita transportar. Ela estava com edema pulmonar e inchaço abdominal e, se ficasse nervosa poderia falecer. Então ela foi cuidada em casa e medicada, mas piorou e tivemos que fazer a eutanásia no escuro, ela já não oxigenava mais", completa.

Briga por pagamento de propina

Sem banho há dias e cansados de ligar e não serem atendidos pela Enel, os moradores resolveram apelar para soluções caseiras. Um dos vizinhos postou no grupo do condomínio que alguém havia se apresentado como suposto funcionário da empresa de energia e que podia resolver o problema "por fora", mediante o pagamento de R$ 3 mil.

Parte dos condôminos logo se mobilizou para fazer uma "vaquinha" e ratear entre os que estavam no escuro, o dinheiro da propina.

"No desespero, muita gente se propôs a colaborar. Mas virou uma guerra no escuro, porque muitos como eu achavam que, se fosse um "gato" no poste, o prédio poderia ser multado alto e a falta de luz virar uma dor de cabeça ainda mais cara", contou Anderson Oliveira.

Equipe da Enel 'sequestrada'

Só por volta de 18h da segunda (6) é que uma equipe da Enel apareceu no prédio, para resolver o problema de um dos imóveis do edifício que estava fechado.

Segundo os relatos, os funcionários na companhia de energia disseram que não poderiam solucionar o problema coletivo e era necessário esperar uma outra equipe mais especializada. Foi então que a turma se enfureceu e resolveu 'sequestrar' a equipe da Enel.

"Umas 40 pessoas desceram e resolveram fechar a rua e impedir que o caminhão da Enel fosse embora. Logo encostou a polícia e começou a negociar a liberação da equipe e da via. Foram umas 3 ou 4 horas de conversa, que só terminou com o compromisso intermediado pela polícia, de que outro caminhão encostaria no prédio em seguida", lembrou Anderson.

O caminhão da Enel ficou retido até as 20h. Outra equipe da empresa chegou por volta de 22h e, em vinte minutos, religou a energia do edifício.

A retomada da luz, após quatro dias, foi comemorada pelos moradores ainda com a polícia na porta e a avenida interditada.

"Claramente era um problema relativamente simples, que poderia ter sido resolvido antes e não deixado quase cem famílias às escuras. Faltou senso de prioridade, organização e respeito da Enel", disse Anderson.

Procurada pela reportagem, a Enel alegou que "não tem conhecimento sobre o caso".

Depois de tanto sufoco, os moradores se dizem emocionalmente exaustos e com a sensação de abandonados pelo Poder Público.

“80h depois, a luz voltou. Foram 5 horas de protesto num frio terrível. Foi um inferno que agora acabou. Agora é colher os cacos e seguir a vida. A sensação é a de que a cidade de São Paulo está abandonada. E o Poder Público nas mãos da Enel e do capital privado”, lamentou Anderson Oliveira.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/11/08/principio-de-incendio-proposta-de-propina-e-sequestro-de-equipe-da-enel-a-saga-dos-moradores-de-predio-que-ficou-80h-sem-luz.ghtml

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