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Gabriel Karpat

As "temidas" assembleias Gerais em Condomínios

Acompanhar a evolução dos acontecimentos e das decisões assembleares é dever de todos

31/08/11 02:31 - Atualizado há 12 anos
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Por Gabriel Karpat* 

Há muito tempo que tentamos todos, moradores, administradores, advogados e até psicólogos entender o que ocorre nas reuniões de condomínios. Que razões ou motivação as tornam tão “assustadoras” ou no mínimo “desagradáveis”. Já pesquisei e tentei compilar tipo, número de unidades, e até pauta que geram as maiores discussões.

Obviamente que cheguei a algumas conclusões: vagas na garagem e assuntos relativos a numerário foram as campeãs de discórdia. Mas mesmo assim sem seguir um padrão, não poderia afirmar o quê e quando uma assembleia se inflama.

Gilberto Freyre, um dos intelectuais de maior destaque no cenário brasileiro do último século, em sua obra marcante “Casa-grande & Senzala” destaca que “casa” é mais do que o local de moradia. É também local de diversão, escola, banco, hospital, igreja, hospício, e o que mais se deseje. É certo então destacar que a nossa residência será o que desejarmos e o que dela fizermos. É imperioso entender que a nossa “casa” não tem seus limites restritos as paredes de nosso apartamento. Muito pelo contrário, os limites são muito mais amplos que esses. O play ground, o elevador, a portaria, a escadaria, o salão de festas e todas as áreas e equipamentos que compõe o todo, são a extensão de nossa propriedade. Utilizando-os ou não, conhecendo-os ou não. Sob esse prisma e com esse espírito devemos coabitar em condomínio.

Fato é que não existem manuais de “sobrevivência” de participação em assembleias gerais, sequer para ser sindico, a gente começa a entender um pouco quando já esta no final da gestão, e a partir daí muitas vezes os ex-síndicos, já desgastados, deixa de participar das reuniões, o que considero um erro grave. Pois o processo diferentemente do que deveria ocorrer: aprimorar-se continuamente, ele tende a voltar a estaca zero.

Devemos tirar algumas lições das grandes corporações bem sucedidas, os ex-presidentes, tornam-se membros do conselho da empresa, não importa a avaliação de seu desempenho, salvo exceções mais graves, trazem junto a sua experiência e histórico dos fatos. O condomínio sob nova direção tem o direito de decidir seguir novos rumos, mas não se descarta o que foi feito, principalmente se bem feito.

Não devemos trazer para as assembleias animosidades pessoais e tratar assuntos que não digam, respeito a coletividade. Isso seria desrespeitar os demais membros que igualmente vieram para discutir temas que irão alterar a sua rotina e de seus familiares ou irá interferir diretamente na valorização de seu patrimônio. As diferenças individuais devem ser tratadas isoladamente e se não solucionadas, devem ser tratadas em outras esferas.Temos presenciado reuniões que comparecem advogados de partes opostas e “cansam” todos com seus eloquentes discursos. Impressionante, mas totalmente desnecessário, pois falta o juiz e os jurados para julgarem e dar a sentença. Deixemos a justiça fazer o seu trabalho, e a assembleia fazer o seu papel : discutir e deliberar assuntos de interesse geral.

As constantes discussões infrutíferas e longas só afastam aqueles que rapidamente só querem discutir os assuntos da coletividade. E assim as assembleias tornam-se cada vez menos frequentes e com menor frequência. Os resultados são desastrosos, pois poucos acabam decidindo o destino de muitos. E nem sempre esses poucos são as pessoas mais abalizadas.

Portanto é hora de rever alguns conceitos e comportamentos e, sobretudo tirar algumas lições;Assembleias têm que ser frequentes sim, mas objetivas: poucos assuntos de cada vez. Assuntos particulares extra-pauta, após a seção para quem quiser debater. As matérias sempre que possíveis disponibilizadas dias antes das reuniões para que já examinadas, as perguntas sejam formuladas.

Torna-se óbvio, mas sempre necessário relembrar, que as votações são democráticas e nem sempre unânimes, assim a parte que teve sua vontade não aprovada deverá respeitar a vontade da maioria que teve seus desejos atendidos. Isso é democracia, e assim vive-se em comunidade. Acompanhar a evolução dos acontecimentos e das decisões assembleares é dever de todos. Mas o espírito deve ser agregador. , iInformar nas próximas reuniões o que de fato foi positivo, apesar de seu voto contrário. E, claro, apontar as supostas falhas para análise e eventuais correções. Isso é participar e contribuir com a comunidade, em todos sentidos: ampliar as decisões e preservar o patrimônio comum.

Krishnamurti, pensador indiano contemporâneo, em suas reflexões expressa que a solução dos problemas da sociedade não depende exclusivamente das leis: “O homem vive procurando novas formas de governo, novas leis sociais, supondo que a reforma das fórmulas externas lhe resolverá os problemas, esquecendo-se, todavia, de que ele é que precisa reformar-se, sendo mais humano, mais compreensivo e mais leal. Quando ele se reformar não precisará de lei ou de suas reformas”.

Que compreendamos que só é possível a tão desejada harmonia na vida em condomínio, quando o esforço em seu favor for despendido por todos que a ele pertencem.

(*) Gabriel Karpat, economista (PUC-SP), mediação e arbitragem (FGV), especialista em condomínios, autor de livros e diretor da GK administração de Bens.

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